terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Sem título

Não é só mais uma simples discussão, não foi só mais um machucado que você fez em mim. As coisas deixaram de ser simples e tomaram uma proporção descomunal. Qualquer motivo é motivo. E é uma pena ver um amor bonito assim morrendo no verão.
Você sabe que há anos dói acordar e olhar suas paredes, há anos dói dormir na sua cama. São lembranças que eu não vivi, mas que consigo imaginar perfeitamente te conhecendo como sei que conheço.
Esse novo corte (desnecessário) que você abriu em mim não dói por si só, todas as outras feridas, cicatrizadas ou não, recentes ou do passado arderam novamente.
Eu não queria dizer adeus, mas não to conseguindo digerir mais essa. No seu ponto de vista eu estou fazendo drama e brigando por uma causa já ganha. Mas eu me sinto perdendo sempre, me sinto passada pra trás, me sinto pesada, me sinto idiota. E esse sentimentos não são os que eu realmente queria sentir. Nós dormimos juntos ontem e foi tão automático, tão frio. Não tinha amor nem paixão. Não havia nós!
Eu só queria que as coisas fossem diferentes dessa vez, que durassem mais de três meses, gostaria de planejar e realizar, porque dessa frustração de coisas que não dão certo eu já estou cheia.
Eu estou tão cansada que nem sequer reclamarei, vou levar do jeito que está pelo menos só um de nós sai magoado. Que seja do seu jeito então!

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Vende-se

Vende-se um coração. O meu.
Não sou boa com propagandas, talvez seja por isso que minha carreira como vendedora tenha durado tão pouco. Mas aqui estou eu, dando uma segunda chance para um coração ser feliz em outro lugar.

Que fique claro que só estou fazendo isso porque este coração anda dando muito trabalho ultimamente.
Ele já foi quebrado algumas vezes, mas juro que ainda está em bom estado.Só to vendendo porque cansei dele, ele é tão bobo e frágil e me faz parecer uma tola quando me faz chorar em público. Tem facilidade pra se apegar as pessoas e uma extrema dificuldade em deixa-las ir.
Olha, meu coração é pequeninho e já passou por poucas e boas.Mas é forte e sei que ainda dura mais uns bons anos. Eu só estou me desfazendo dele porque já não me serve mais, o inquilino que mora nele há muito não quer ir embora, já dei ordem de despejo e nada. Então resolvi cortar o mal pela raiz.

Talvez a oferta não seja lá essas coisas, um coração usado, surrado e um pouco abatido, ora essa, quem compraria. Pois tive uma ideia melhor.
Doa-se!

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Hoje haviam mil estrelas no céu e ao vê-las, dentro de mim alguma coisa se acendeu, uma espécie de esperança, uma segurança de que as coisas vão se encaixar, de que essas noites frias e escuras são apenas passageiras. Enquanto eu olhava pro céu uma estrela passou rápido, quase despercebida e eu hesitei em fazer um pedido temendo parecer tola. Quando dei por mim já estava de olhos cerrados e dedos cruzados. Deitada naquele banco eu desejei paz, nada mais.
Essa noite eu sou minha própria salvação, essa noite eu sou mais corajosa.  Mesmo se não houvesse entrelas eu as enxergaria, quando a próxima tempestade me chamar eu ficarei em pé sozinha e nunca mais serei derrubada.


 

sábado, 5 de novembro de 2011

Úmido

Ontem choveu o dia todo e esse tempo cinza não ajuda a amenizar meu mal humor. Estava úmido e essa coisa de umidade faz a gente se sentir meio sujo, meio pesado, mesmo depois de um banho quente.
Mas tarde, caminhando de volta para casa, eu pisei na poça e minha meia encharcou. Meus pés ficaram molhados e os dedos enrugaram,  aquela sensação ruim só fez piorar. 
Não é que eu não goste de chuva, as vezes faz bem tomar um banho naquela água fria que cai do céu, entretanto fazia um longo tempo que não chovia que eu já havia esquecido como era isso de se sentir pesada e preguiçosa o dia todo.


Eu queria poder voltar no tempo e ter colocado um par de meias extras na minha bolsa, quem sabe assim, com os pés quentes, a sensação de goteira interna melhorasse.
Hoje eu acordei e havia parado de chover, o sol iluminava meu quarto através das frestas da janela, o tempo estava bom, minha cama estava quente, mas eu continuava úmida, foi então que eu percebi que era por dentro, que talvez não fosse a chuva e sim o bolor do meu coração.




Agora me pendure para secar, você me torceu muitas e muitas vezes, agora me pendure para secar.



terça-feira, 4 de outubro de 2011

Infelizmente

Tem pessoas que simplesmente não merecem! Você é desse tipo que não merece absolutamente nada! Nada que parta de mim. Não merece que eu me desgaste tanto pra te ver feliz, não merece minhas horas de almoço desperdiçadas com você, não merece sequer o trajeto percorrido por mim para encontrar-te.
Não merece o tempo gasto em ligações telefônicas, nem as conversas jogadas fora pela internet. Não merece minha histeria, minha raiva, quiçá, o meu amor.
Eu também sou do tipo que não merece. Não mereço tamanha indiferença vinda de você, esse riso debochado e barato, essa sua falta de compromisso para com todo e qualquer tipo de coisa.
Você, além de não me merecer, não sabe se decidir, não sabe se impor, faz coisas imperdoáveis em troca de mero prazer, nenhum sentimento ou a droga do passado importa, desde que tenha alguém deitada nua na sua cama.
Eu cansei de toda essa conversa boba, de todo esse fingimento infantil e das suas atitudes mesquinhas. Desculpa, mais eu quero mais pra mim, quero coisas que você já não pode mais me oferecer.
Me perdoa, mais dessa vez é pra valer, eu to indo embora e tô deixando você aqui, nessa cidade sem graça, com essa vida sem graça, com companhia sem graça, porque depois de muito tempo eu percebi que definitivamente, você não me merece.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Sempre que uma situação começa a ficar boa ou simplesmente começa, solto minhas frasezinhas bombas. Não sei se com isso quero realmente foder a minha vida ou me proteger de me foder. Acho que segundos antes de explodir tudo, penso assim: se eu falar a frase mais errada do mundo, só os realmente fortes sobreviverão. O que eu não percebo é que no começo de alguma coisa, ninguém ainda é realmente forte para agüentar minhas frasezinhas bombas.
E todo mundo, sem exceção, acaba correndo assustado. E no dia seguinte eu acordo com aquele misto de vitória com tristeza. Sozinha novamente. Como se isso fosse um prêmio mas também uma doença.

Dentre as minhas frasezinhas bombas tenho três prediletas “to morrendo de saudades de você”, “a vida sem amor é uma merda” e “você me dá pouca atenção”. Quase nunca to morrendo de saudades de alguém, não existe a menor chance de eu amar algum desses trastes que me aparecem e caguei se eles me dão ou não muita atenção. Mas ainda assim falo, ainda assim mando uma frase dessas. Só pra ter o triste prazer de ver o covarde ficando branco, escondendo os dentes, enfiando o pinto no cu. E sumindo finalmente da minha vida.

É o jeito que arrumei de me rebelar contra essa hipocrisia masculina. Eles podem dormir na casa da gente, enfiar o pauzinho no meio das pernas da gente, pedir uma torradinha com requeijão de manhã, mijar pra fora do nosso vaso, contar a vida deles e pedir mais carinho nas costas. Mas não suportam ouvir no dia seguinte um simples “gosto de você”. Covardes de merda. Odeio essa hipocrisia masculina. Se eles falam mil vezes que querem te ver é tesão e você não pode se assustar, mas se você falar uma única vez que quer vê-los, é porque você é uma mala que está “misturando sentimentos”. E eles podem se assustar. Que preguiça desse planetinha dos macacos e suas bananas.

E sigo com minhas frases matadoras. “Pensei em você hoje”; “Voltei antes pra te ver”; “Vamos nos ver hoje?”; “Vamos comigo na festa da minha amiga?”; “O que você vai fazer no feriado?”

E tenho cada dia mais nojo de como frases ditas pra ser agradável soam como um assassinato. E tenho nojo de pensar que quando você tira o controle deles, eles não sabem mais o que fazer com você. “O que eu vou fazer com uma mulher que eu já conquistei?” Que tal continuar conquistando todos os dias, seu idiota? Que tal viver uma história que passe da primeira página? Tenho cada dia mais nojo de como as pessoas se consomem e não se conhecem, não vivem nada. Não sabem nada da vida da outra a não ser o tamanho dos peitos e se o desenho dos pêlos é mais para Claudia Ohana ou bigodinho do Hitler.

Sempre lembro de uma vez que fui passar cinco dias com um namorado no alto de uma montanha e ele me apareceu com um verdadeiro “kit putaria”. Passou antes no sex shop e comprou de óleo de massagem a roupinha de enfermeira. Tenho certeza que fez isso porque pensou “que porra vou fazer com uma mulher cinco dias em cima de uma montanha a não se trepar”? Se fosse algum dos seus amiguinhos eles poderiam rir, se divertir, beber, conversar, apostar corrida, jogar videogame, brincar na piscina, fazer trilha. Mas com uma mulher? Um ser estranho chamado mulher? Que porra ele iria fazer não é mesmo?

Homens acham que a página 1 é trepar e a página 2 é casar. E como têm pavor da 2 (e quem disse que as mulheres também não têm?) acabam nunca saindo da 1. E nisso conversas incríveis, descobertas maravilhosas e histórias lindas morrem antes mesmo de nascer. Eles podem te comer mas jamais passear de mãos dadas com você.
Isso tudo me dá um bode profundo. Mas no fundo tenho mais bode é de mim. Por ter dito frases desse tipo para pessoas sem nenhuma magia, sem nenhuma poesia. E que ao invés de enxergar beleza enxergaram “carne ganha”. E no fundo eu nem sentia nada por essas pessoas, estava apenas testando a hipocrisia do mundo. Estava apenas comprovando que se tratava apenas de mais uma “carne podre”.

Acho de verdade que a puta da Glenn Close estragou a vida de algumas mulheres. Basta você dizer um inocente “você é legal” pro cara achar que você vai se mudar pra casa dele, mergulhar o poodle dele numa panela fervendo e parir trigêmeos bem no dia do futebol com os amigos. Da onde eles tiram que somos tão assustadoras? A gente só quer ter com quem rir no final do dia e ganhar alguns beijos no lugar certo. Nada muito diferente do que eles querem.


Mas cansei. Definitivamente cansei. Cansei de um mero “nossa, tava pensando em você” equivaler a um “nossa, tava pensando em você de terno e gravata no altar de uma igreja”. Já que pouca coisa assusta tanto, decidi que agora vou jogar pesado. Daqui pra frente minhas frases matadoras vão ser de “quero ter um filho seu” pra pior. Quem quiser sair comigo vai ter de ouvir “posso dormir aqui?” ou ainda “acho que posso me apaixonar por você”. E quem sobreviver a esse verdadeiro extermínio de pretendentes, vai descobrir que eu sou só mais um ser que morre de medo do amor e da convivência. Vai descobrir que falo as frases erradas justamente pra espantar as pessoas e não ter mais trabalho. Mas de verdade (e dessa vez sem medo de assustar ninguém) adoraria encontrar alguém que resolvesse correr esse risco junto comigo.


BERNARDI, Tati

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Fantasmas

Nós já brincamos de marido e mulher e mesmo diante do título que prescreve responsabilidade, agíamos feito duas crianças brincando de esconde-esconde e tomando banho de mangueira nas tardes que o verão se fazia intolerável, além de dividirmos seus/meus lençóis das tartarugas ninja.
Impossível enumerar as diversas coisas que já compartilhamos: Copo, cigarro, chuveiro. Dor, alegria, alergia e desespero.
Toda e qualquer tarefa doméstica era motivo para arrancarmos as roupas e qualquer misto quente na calada da noite podia ser comparado a um banquete. Tivemos inúmeras discussões as três da madrugada, as vezes sussurradas, muitas vezes a plenos pulmões.
Você me mostrava músicas e eu te contava histórias, te contava em histórias.
Já deixei você ganhar no videogame só pro seu pequeno ego não desinflar e já ouvi você roncar com o mesmo sorriso estampado que surgia em meus lábios quando te ouvia cantarolar nossa trilha sonora do chuveiro.
Sempre que setembro se aproxima o meu peito se aquece e eu te espero retornar. Parece mentira, parece proposital, mais eu sempre soube que quando esse mês (maldito ou não) chegasse toda nossa história se repetiria. E quer saber, pode ser que coisas assim não aconteçam mais em minha vida, então eu guardo setembro com tanto carinho que é como se eu acreditasse em amor eterno.

Hoje, você me disse eu te amo.
Eu também, pra sempre!

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Não me espere, porque eu não volto logo

Tudo bem. Eu estava ótima semana passada, com a cabeça nas nuvens e os pensamentos longe daqui. Mas felicidade deixa rastro e você seguiu o meu. Logo te encontrei parado na soleira da minha porta com a mesma cara de assustado de anos atrás.
Nós ficamos horas conversando e meu monólogo sem fim sobre a turbulenta vida que ando levando parecia aborrecer você.
O muro e suas unhas comidas pareciam mais interessantes a medida que a noite caia e você era incapaz de me encarar nos olhos. 
Eu queria ter sentido o coração acelerar e ter ouvido os sininhos de fundo quando você me beijou, mas não aconteceu, e é tão triste assistir um amor tão bonito como o nosso morrer assim, em plena segunda-feira.


Não tá doendo mais. Porém as lágrimas ainda não pararam de rolar. Eu gosto de te ter por perto, mesmo que seja da maneira como foi ontem, mesmo que nós dois saiamos feridos dessa história mais uma vez, que saiamos feridos todas as vezes que isso insistir em se repetir, meu lado masoquista fala alto quando o assunto é você e eu não me importo de me despedir sangrando.
Nós já discursamos as mesmas coisas tantas vezes que nossa conversa é automática, sempre falando dos mesmos assuntos, mesmas pessoas, mesmas brigas. Mas o desfecho da noite anterior foi diferente, porque dessa vez não fui eu quem saiu com o coração partido.
Me matou te ver sair correndo pelas ruas soturnas da madrugada com o rosto molhado e o coração na mão. Meu desejo foi te trancar numa caixinha pra te guardar do mundo lá fora e enrolar seus cabelos até você pegar no sono.
Você é confuso e sempre aparece nas piores horas, da pior maneira e como um vendaval espalha tudo o que eu demorei tanto tempo pra arrumar. Bagunça minhas memórias e traz a tona o meu passado que eu escondi no mais profundo âmago.
Por mais que queiramos que as coisas tivessem tomado outro rumo, por mais que desejemos que fosse diferente, o que passou não vai mudar.
Você sabe que nosso final feliz utópico não existe, é melhor nos contentarmos com os finais substitutos e sermos felizes da nossa maneira.
Nesse momento controlo o impulso de invadir sua casa e, com uma mochila nas costas, sumir com você pela América Central.
De qualquer modo, é melhor aprendermos com a música que 'cantamos' ontem 'Vá voar com o tempo que só lá você existe, não esqueça que eu não sei mais nada de você' ♫


Só te peço que não fique triste se eu parecer distante, eu nunca soube mesmo o que é bom pra mim e talvez agora eu tenha percebido que estar envolvida no seu mundo não me faz tão bem assim, porque esse amor me quebra e você já desperdiçou a melhor parte de mim.
Apesar de tudo, amanhã é um novo dia e você pode vir matar algum tempo, você pode jogar seus braços em volta de mim e continuar me fazendo rir da maneira que só você consegue.






Sou alvo dos seus olhos claros parecidos com essa estação, e adoro os efeitos sonoros de quando você sussurra absurdos no ouvido do meu coração.

Namore uma garota que lê

Namore uma garota que gasta seu dinheiro em livros, em vez de roupas. Ela também tem problemas com o espaço do armário, mas é só porque tem livros demais. Namore uma garota que tem uma lista de livros que quer ler e que possui seu cartão de biblioteca desde os doze anos.
Encontre uma garota que lê. Você sabe que ela lê porque ela sempre vai ter um livro não lido na bolsa. Ela é aquela que olha amorosamente para as prateleiras da livraria, a única que surta (ainda que em silêncio) quando encontra o livro que quer. Você está vendo uma garota estranha cheirar as páginas de um livro antigo em um sebo? Essa é a leitora. Nunca resiste a cheirar as páginas, especialmente quando ficaram amarelas.

Ela é a garota que lê enquanto espera em um Café na rua. Se você espiar sua xícara, verá que a espuma do leite ainda flutua por sobre a bebida, porque ela está absorta. Perdida em um mundo criador pelo autor. Sente-se. Se quiser ela pode vê-lo de relance, porque a maior parte das garotas que leem não gostam de ser interrompidas. Pergunte se ela está gostando do livro.

Compre para ela outra xícara de café.
Diga o que realmente pensa sobre o Murakami. Descubra se ela foi além do primeiro capítulo da Irmandade. Entenda que, se ela diz que compreendeu o Ulisses de James Joyce, é só para parecer inteligente. Pergunte se ela gosta ou gostaria de ser a Alice.
É fácil namorar uma garota que lê. Ofereça livros no aniversário dela, no Natal e em comemorações de namoro. Ofereça o dom das palavras na poesia, na música. Ofereça Neruda, Sexton Pound, cummings. Deixe que ela saiba que você entende que as palavras são amor. Entenda que ela sabe a diferença entre os livros e a realidade mas, juro por Deus, ela vai tentar fazer com que a vida se pareça um pouco como seu livro favorito. E se ela conseguir não será por sua causa.

É que ela tem que arriscar, de alguma forma.
Minta. Se ela compreender sintaxe, vai perceber a sua necessidade de mentir. Por trás das palavras existem outras coisas: motivação, valor, nuance, diálogo. E isto nunca será o fim do mundo.

Trate de desiludi-la. Porque uma garota que lê sabe que o fracasso leva sempre ao clímax. Essas garotas sabem que todas as coisas chegam ao fim. E que sempre se pode escrever uma continuação. E que você pode começar outra vez e de novo, e continuar a ser o herói. E que na vida é preciso haver um vilão ou dois.

Por que ter medo de tudo o que você não é? As garotas que leem sabem que as pessoas, tal como as personagens, evoluem. Exceto as da série Crepúsculo.

Se você encontrar uma garota que leia, é melhor mantê-la por perto. Quando encontrá-la acordada às duas da manhã, chorando e apertando um livro contra o peito, prepare uma xícara de chá e abrace-a. Você pode perdê-la por um par de horas, mas ela sempre vai voltar para você. E falará como se as personagens do livro fossem reais – até porque, durante algum tempo, são mesmo.
Você tem de se declarar a ela em um balão de ar quente. Ou durante um show de rock. Ou, casualmente, na próxima vez que ela estiver doente. Ou pelo Skype.
Você vai sorrir tanto que acabará por se perguntar por que é que o seu coração ainda não explodiu e espalhou sangue por todo o peito. Vocês escreverão a história das suas vidas, terão crianças com nomes estranhos e gostos mais estranhos ainda. Ela vai apresentar os seus filhos ao Gato do Chapéu [Cat in the Hat] e a Aslam, talvez no mesmo dia. Vão atravessar juntos os invernos de suas velhices, e ela recitará Keats, num sussurro, enquanto você sacode a neve das botas.

Namore uma garota que lê porque você merece. Merece uma garota que pode te dar a vida mais colorida que você puder imaginar. Se você só puder oferecer-lhe monotonia, horas requentadas e propostas meia-boca, então estará melhor sozinho. Mas se quiser o mundo, e outros mundos além, namore uma garota que lê.

Ou, melhor ainda, namore uma garota que escreve.

Rosemary Urquico- Date a girl who reads 

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Com tanto potencial pra acabar com a minha vida, sabe o que ele quer? Me fazer feliz. Olha que desgraça. O moço quer me fazer feliz. Veja se pode. Não dá, assim não dá. Deveria ter cadeia pra esse tipo de elemento daninho. Pior é que vicia. Não é que acordei me achando hoje? Agora neguinho me trata mal e eu não deixo. Agora neguinho quer me judiar e eu mando pastar. Dei de achar que mereço ser amada. Veja se pode. Chega um desavisado com a coxa mais incrível do país e muda tudo. Até assoviando eu tô agora.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Eu preciso saber

A recaída de amor acontece como num daqueles pesadelos que se está caindo. De repente você acorda sentado na cama: Meu Deus, eu preciso saber! Mas se eu já estava tão bem há semanas. Volte a dormir, volte a dormir. Você já tinha decidido lembra? Nada a ver com você, chato, bobo, não deu certo. Mas eu preciso saber. Não, não precisa. Pra quê? Vai te machucar. Não! Eu preciso saber. Então levanto da cama.

Facebook, a desgraça em formato de parquinho virtual. Nome dele, aparece a foto azulada e ele de perfil. É tão bonito. Mas não há mais nada que eu possa ver. Nos deletamos mutuamente pra evitar justamente esse tipo de inspecão noturna.
Mas isso não vai ficar assim. Ligo pra nossa amiga em comum. Ela não atende, afinal, são duas da manhã. Mando mensagem "me manda sua senha do Facebook agora ou vou ficar te ligando até amanhã cedo". Ela manda a senha e um palavrão. Acesso. Vamos ver. Eu preciso saber. Eu preciso. Então vejo que ele não posta nada há cinco semanas. Fotos, fotos. A única foto nova é o flyer de uma festa que eu fui e ele não estava. Nada.
Jogo o nome dele no Google. Aparece uma foto dele alcoolizado dando entrevista em uma festa de mídia. Como é lindo. Tento o Twitter mas ele só escreve piada de político. Tento o Facebook, Twitter e blogs de amigos. Está ficando tarde. Se eu tivesse essa mesma concentração e minuciosidade e empenho e energia para o trabalho estaria rica. Estou retesadamente motivada e atenta. Mas não consegui nenhuma informação e eu ainda preciso saber.
São seis da manhã. Estou cansada. Coloco a música de quando você forçou a porta do quarto e entrou. Black Swan. Não sou boa de inglês como você, mas sei que é a história de algo que já começou fodido porque cresceu demais antes da hora, você que pegue um trem e suma daqui. Que bela música pra começar. Ok, agora estou chorando. Lembrei que eu me sentia tão viva com você me olhando bem sério e bem no fundo dos olhos e machucando meu braço. Sim, é definitivamente uma recaída e eu acabo de decidir que te amo mais que tudo no universo e que amanhã, ou hoje, porque já são sete e meia da manhã, vou resolver isso. Agora preciso dormir só um pouquinho.
Volto pra cama. Coração disparado. Não tem posição na cama. O que eu faço? Não tô a fim de ler, não tô a fim de ver TV. Aquelas outras coisas que se faz pra acalmar tô com preguiça agora, minha imaginação está indo toda para traçar um plano para que eu descubra. Descubra o quê? Não sei, mas sei que algo está acontecendo, ou eu não estaria assim. Porque eu sinto quando ele está com alguém, sabe? Eu sinto. Sim! A cartomante!
Ligo pra Zuleide. Você atende hoje? Mas é domingo, Tati! Atende? Só se for por telefone. Tá bom, então joga aí: ele está com alguém? Mas Tati, você quer mesmo saber isso? Quero, mulher. Eu preciso saber. Joga aí: ele está com alguma puta? Tati, eu não posso perguntar isso pras cartas. Pergunta aí: ele tá com alguma piranhuda desgraçada vagabunda vaca dos infernos? Zuleide pede desculpas e desliga. Preciso do Lexapro mas ele acabou há semanas, igual meu amor. E agora, de repente, preciso tanto dos dois novamente.
Você acha que ele está com alguém? Não sei, Tati, eu ainda tô dormindo, posso te ligar mais tarde? Você acha que ele está com alguém? E se estiver, Tati, quer ir ao cinema mais tarde? Você acha que ele está com alguém? Putz, sei lá, homem sempre tá comendo alguém né? Você acha que ele está com alguém? Tati, do jeito que ele gostava de você? Claro que não!
Chega, chega. Preciso me acalmar. Pra que isso? Se ele estiver com alguém agora, e daí? Terminamos não terminamos? Ele e eu não temos nada a ver, certo? Decidimos que era melhor assim, certo? Eu não tava bem com ele e nem ele comigo, certo? Porque era bom e tal. Aliás, meu Deus, como era bom. Mas não era bom pra ficar junto, certo? Então pronto. Chega. Adulta, adulta. Qual o problema se ele estiver agora, justamente agora, lambendo a virilhazinha de alguma desgraçada? Qual o problema? Ok, eu posso morrer. Eu definitivamente posso morrer. Chega, vou acabar com essa palhaçada agora mesmo.
Tomo banho, me visto, pego a bolsa, entro no carro. Considerando que ele não mora em São Paulo, não sei exatamente o que eu pretendo com isso. Mas me faz bem enganar o cérebro e fazer de conta que estou indo atrás da verdade. Na verdade vou só na casa de outro, preciso fazer qualquer coisa que não seja sofrer, mas não consigo. O outro não conhece Black Swan, não ri da história da Zuleide, não me aperta o braço.
Volto pra casa, destruída. Sinto tanto amor dentro de mim que posso explodir e bolhas de corações vermelhas atingiriam o Japão. Quase não consigo respirar. Chega, chega. Ligo pra ele. Ele não atende. Ligo de novo. Ele atende falando baixinho. Você está com alguém? Estou. Desligamos. Pronto, agora eu já sei. Depois de um final de semana inteiro de palpitacões, descargas de adrenalina, músicas, textos, amigos, danças, gritos, sensações, assuntos, choros, dores, vida. Agora eu já sei.
O que eu nunca vou saber é porque faço tudo isso comigo só porque tenho tanto pavor do tédio. Era só isso o que eu precisava saber.


BERNARDI, Tati

Como ser o cara legal da minha vida

Não pense que não notei seu empenho perspicaz para ser o cara legal da minha vida. Prova do meu reconhecimento é que vou dar um empurrãozinho no seu esforço com algumas dicas. E aproveite bem, não é todo dia que uma garota sabe mais ou menos o que quer da vida, e ainda se sujeita ao papel de astrolábio.

Sei que leu numa revista que a base de um relacionamento é a comunicação, e eu valorizo isso. Mas que droga é essa de me contar seu dia, isso de conversar no café da manhã e de vez em quando parar tudo pra lembrar que na infância você tinha intolerância à lactose e medo de caramujo? Não, não é bonitinho. Fique calado um pouco, calado demais, às vezes - pensar sobre o que você está pensando pode me manter bem ocupada, sabia? Aliás, se eu quiser uma filial do Repórter Esso gritando novidades sem parar nos meus ouvidos, telefono pra minha mãe.

Se você quiser ser o cara legal da minha vida, diminua o tempo com preliminares. Preciso de alguém me acenda e logo arme a barraca, e não de alguém que arme a barraca, acenda uma fogueira e acampe por ali um fim de semana inteiro. Não se preocupe tanto com meu prazer, assim você racionaliza a única coisa contrária à razão, que é o sexo. Seja mais cru e animal, não se preocupe em me fazer soltar a imaginação. De tanto fazer isso já imaginei 817 cores que ficariam melhor no teto acima da sua cama. Insista duzentas vezes em me ensinar como calibrar pneus. Ache desperdício gastar 50 mil numa festa de casamento que dure apenas um dia. No auge da minha raiva, me tasque beijos.

Me deixe falando sozinha quando eu merecer. Demonstre cada dia ser mais apaixonado pelo seu trabalho chato do que por mim. Olhe pra alguma outra bunda do restaurante bem na hora que estou confessando planos para o futuro. Traga seus amigos pra uma sessão tripla de Quentin Tarantino enquanto preciso estudar pra minha prova de Política Social e Direitos Humanos. Ouça jazz e Frank Zappa. Use calça jeans e camiseta branca com mancha de maionese na frente das minhas amigas. Me leve ao parque de diversões e insista que o carro-choque é o melhor. Durma tranquilamente feito um fóssil depois de uma discussão séria. Me dê motivos, costumo reclamar da vida quando não tenho do que reclamar.

Se você quiser ser o cara legal da minha vida, receba torpedos de uma tal Bruna de outros verões. Ria alto e espalhafatoso no escuro do cinema com caretas bobas do Jim Carrey. Em parceria com meu pai, deboche do meu bicho geográfico no pé. Escreva um bilhete de aniversário de namoro e mande no dia errado. Às vezes me faça sair chorando da sua casa no meio da noite e me deixe com uma louca vontade de voltar pedindo pra nunca mais fazer isso comigo. Adicione vacas com cabelo comprido e liso no Facebook. Troque o canal para ASA de Arapiraca versus Atlético Goianiense no intervalo da minha novela. Afirme que o roteiro de "Ps, Eu Te Amo" é inviável na vida real. Esqueça a chave de casa em algum lugar que não sei onde é.

Pode parecer um pouco freudista, mas de vez em quando pareça meu pai me berrando pra calçar os chinelos, me faça parecer mãe quando você pegar uma amigdalite. Me force a pedir carinho e atenção. Esqueça de ligar duas noites seguidas, seja ríspido se eu te ligar. Faça mil besteiras, peça mil desculpas, faça mais sexos de reconciliação, diga me amar no meio. Odeie tofu, não se olhe no espelho de perfil, corte o cabelo no barbeiro da esquina, me deixe esperando. Erre tentando acertar, acerte tentando errar. Se você quiser ser o cara legal da minha vida, faça tudo isso, mas sempre jurando que foi sem querer. Mãos à obra, porque, pra ser o cara legal da minha vida, você ainda tem muito o que piorar.





NUNES, Gabito

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Sugestões para atravessar agosto

Para atravessar agosto é preciso antes de mais nada paciência e fé. Paciência para cruzar os dias sem se deixar esmagar por eles, mesmo que nada aconteça de mau; fé para estar seguro, o tempo todo, que chegará setembro- e também certa não-fé, para não ligar a mínima às negras lendas deste mês de cachorro louco.É preciso quem sabe ficar-se distraído, inconsciente de que é agosto, e só lembrar disso no momento de, por exemplo, assinar um cheque e precisar da data. 

Para atravessar agosto também é necessário reaprender a dormir, dormir muito, com gosto, sem comprimidos, de preferência também sem sonhos. São incontroláveis os sonhos de agosto: se bons, deixam a vontade impossível de morar neles, se maus, fica a suspeita de sinistros augúrios e premonições. Armazenar víveres, como às vésperas de um furacão anunciado, mas víveres espirituais, intelectuais, e sem muito critério de qualidade. Muitos vídeos de chanchadas da Atlântida a Bergman; muitos CDs, de Mozart a Sula Miranda; muitos livros, de Nietzche a Sidney Sheldon. Controle remoto na mão e dezenas de canais a cabo ajudam bem: qualquer problema , real ou não, dê um zap na telinha e filosoficamente considere, vagamente onipotente, que isso também passará. Zaps mentais, emocionais, psicológicos, não só eletrônicos, são fundamentais para atravessar agostos. Claro que falo em agostos burgueses, de médio ou alto poder aquisitivo. Não me critiquem por isso, angústias agostianas são mesmo coisa de gente assim, meio fresca que nem nós. Para quem toma trem de subúrbio às cinco da manhã todo dia, pouca diferença faz abril, dezembro ou, justamente, agosto. Angústia agostiana é coisa cultural, sim. E econômica. Mas pobres ou ricos, há conselhos - ou precauções - úteis a todos. 

Para atravessar agosto ter um amor seria importante, mas se você não conseguiu, se a vida não deu, ou ele partiu sem o menor pudor, invente um. Pode ser Natália Lage, Antonio Banderas, Sharon Stone, Robocop, o carteiro, a caixa do banco, o seu dentista. Remoto ou acessível, que você possa pensar nesse amor nas noites de agosto, viajar por ilhas do Pacífico Sul, Grécia, Cancún ou Miami, ao gosto do freguês. Que se possa sonhar, isso é que conta, com mãos dadas, suspiros, juras, projetos, abraços no convés à lua cheia, brilhos na costa ao longe. E beijos, muitos. Bem molhados. Não lembrar dos que se foram, não desejar o que não se tem e talvez nem se terá, não discutir, nem vingar-se , e temperar tudo isso com chás, de preferência ingleses, cristais de gengibre, gotas de codeína, se a barra pesar, vinhos, conhaques-tudo isso ajuda a atravessar agosto. 

Controlar o excesso de informações para que as desgraças sociais ou pessoais não dêem a impressão de serem maiores do que são. Aprender decoração, jardinagem, ikebana, a arte das bandejas de asas de borboletas - coisas assim são eficientíssimas, pouco me importa ser acusado de alienação. É isso mesmo, evasão, escapismos explícitos. Mas para atravessar agosto, pensei agora, é preciso principalmente não se deter de mais no tema. Mudar de assunto, digitar rápido o ponto final, sinto muito, perdoe o mau jeito, assim, veja, bruto e seco:.

ABREU, Caio F.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Contradições

Dias atrás eu estava sentada na calçada com uns amigos, como costumava fazer quando tinha uns onze anos e já me considerava adulta o suficiente para brincar de boneca.
Houve uma noite em especifico, que nós já havíamos bebido com um pouco mais de excesso que o habitual, e foi nessa noite gelada que uma garota chegou e se sentou do meu lado e eu deliberadamente bêbada fui puxando um assunto atrás do outro, e mesmo com a língua um pouco enrolada nós conversamos abundantemente. Determinada hora ela perguntou-me se eu não havia namorado você há alguns anos. Eu confirmei e questionei-a. Ela me contou uma breve história dizendo que encontrou você num dia qualquer na rua, e você disse que queria tomar um porre, ela brincou dizendo que sua namorada ficaria brava e você respondeu: “Imagine, ela vai toma esse porre comigo.”
E essa história tola, esse pueril acontecimento, me fez lembrar como nós éramos bons juntos, me fez perceber que eu ainda não sei como agir quando me perguntam de você. Não sei se demonstro meu asco ou se deixo os olhos lacrimejarem de saudade. 
Sabe, as coisas não foram de um todo ruim, mas eu admito que muitas vezes por minha culpa, nós nos atacamos feito cão e gato. No entanto não vim até aqui para explicar-me ou pedir desculpas. Sinto que não preciso mais disso, apenas considero  injusto a maneira como meu peito arde quando eu acordo assustada nas madrugadas que você decide invadir novamente meus sonhos, ou quando olho uma vitrine distraída e vejo uma camisa de super herói, ou uma caneca colorida.
Concentro-me na parte ruim e turbulenta do nosso relacionamento e percebo o quão pouco sobrou de tudo aquilo que era bom. Fizemos coisas tão infantis e magoamos tanto um ao outro, que perdi a conta de quantas vezes falei que ia embora esperando você se adiantar e trancar a porta.
Me pego tentando entender às vezes os motivos de nossa separação, e é quando olho o álbum de fotografias, e abro aquela gaveta de coisas que você não levou quando foi embora da última vez. Ainda guardo seu meião preto de futebol e algumas cordas estouradas da sua velha Stratocaster vermelha, dentre outra porcarias cujas quais eu não consigo me desfazer.
Não é que dói pensar em você, só é estranho sentir esse vazio quando escuto seu nome tão comum saindo da boca de pessoas estranhas durante o caminho de volta pra casa.
Mesmo depois de tanto tempo, ainda me sinto estranha a seu respeito, estou percebendo o amor imensurável que eu sentia se esvair, e essa sensação de perda me deixa quebrantada.
Mesmo assim eu sei que a vida vai seguindo o curso que tem que seguir e nós não podemos mudar determinadas coisas, nós decidimos seguir lados opostos de uma bifurcação, então eu vou pelo meu caminho e espero que você vá pelo seu com retidão, até quem sabe um dia no meio de setembro nos encontremos lá na frente, numa estrada única e longa.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Espero outro dia vir

Eu queria poder apagar alguns dias. Só os dias ruins, sabe, como o de hoje. Parece que durante todo esse tempo eu vim cavando um buraco e escolhi hoje pra entrar nele. Aqui é ermo e frio e não importa o quanto você se agasalhe, o frio talvez só passe com um abraço da pessoa certa. Mas ninguém entende que é disso que você precisa, ninguém te entende porque você já não fala mais a mesma língua que os outros a muito tempo. E é tão chato, tão custoso sentir a mesma coisa o tempo todo, o mesmo vazio que não se finda, padecer pelos mesmos motivos, chorar pelas mesmas lamúrias. Não quero aborrecer ninguém por isso passo as semanas pacata, disfarçando o desgosto com sorrisos de mentiras, cigarros e bebidas, mas chega um momento que você é obrigada a ficar sã. E a dor é iminente.
Eu queria realmente poder apagar esses dias frios e cinzentos e solitários do meu calendário ou então conseguir enfrentá-los sem que eles rasguem as cicatrizes quase fechadas dentro de mim.
Ontem, depois de ver um filme, eu sentei no chão do banheiro e chorei até as 3 da manhã, porque eu não sei mais como fazer pra organizar a bagunça que ficou aqui. Aquela sensação de vazio me invade a cada entardecer e eu já não sei como lidar com essas contingências
Agora o Jamie Cullum tá cantando High and dry do Radiohead aqui no meu quarto e a única coisa que eu consigo fazer é cavar mais e mais aquela fenda, a qual há dias que eu não consigo encontrar a saída. Mas talvez eu precise passar por esses dias ruins pra reconhecer os dias bons. E talvez eu me esforce demais pra deixar as coisas do passado no passado, fazendo com que elas ainda façam parte do meu presente. Quem sabe eu só precise ficar sozinha, um pouco mais sozinha, esperando alguém que saiba falar minha língua e que esteja disposto a me resgatar da minha sepultura, mesmo sabendo que esse alguém não existe e por isso nunca vai chegar.


quinta-feira, 26 de maio de 2011

Falador passa mal

Sabe o que me tira de mim? O que me deixa enfurecida? É falar merda sem saber. É vir com avaliações baratas e chegar atacando sem saber o que se passa. Nenhum de vocês sabe coisa alguma sobre a minha vida, portanto não se baseie nas minhas atitudes, palavras ou atos.Se ajo da maneira como faço tenho MEUS motivos. Quem os elegeu júri pra tamanho julgamento? 
É tanta infantilidade e ego junto que dá vontade de vomitar, o mundo não gira em torno de seus respectivos umbigos e muito menos o meu mundo.Tanta insegurança que não posso proferir uma palavra sem que seja interpretada como insulto a felicidade alheia. É o seguinte, ao contrario de alguns que se doem com poucas palavras eu sou adulta, e não devo satisfação da minha vida pra ninguém, mas como ando com um pavio curtíssimo ultimamente, vou deixar bem claro aqui que vou mandar qualquer um que vier me encher ir praquele lugar, então faz o seguinte: Segue com sua vidinha medíocre de merda e me deixa em paz, o que eu falo ou deixo de falar não diz respeito a qualquer um.  Sou muito bem resolvida e se tiver alguma pra falar sobre qualquer assunto, fato ou pessoa  pode ter certeza que farei isso olhando na cara da mesma. Como sempre fiz quando alguma coisa me atravessava à garganta. Tanta coisa pra fazer e eu vou me envolver nesse tipo de picuinha, na moral, eu já passei da idade, inversamente aos outros, visto que se afligiram com pouca bobagem.
Não estou tentando impedir felicidade de ninguém, só num vem se meter a besta pra cima de mim quando eu nem sequer citei nomes. Se o que eu falo fosse pra alguém pode ter certeza que eu direcionaria.
E por fim, se a carapuça serviu, vista-a!

"Falo nada... deixa as fofocas pros vizinhos, deixa eles me queimarem porque eu já nasci neguinho"




Antes que perguntem ou tirem conclusões precipitadas como vem acontecendo, e antes de se doer e de se achar o centro do universo, deixo claro que esse texto é direcionado a quem não tem mais o que fazer e acha que eu também não tenho, pra TODO MUNDO que se acha superior pra julgar palavras ou atos de outrem.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Diz que não vai começar a dizer que já vai

Você vem e vai sem dar explicações, você vem e vai como se não fosse doer, você vem e vai como se essa fosse a sua única opção. E é como se eu morresse um pouco sempre que você parte levando tudo de bom que havia em mim.
            Porque te deixei ir quando devia ter te segurado forte? Porque você nunca me perguntou se eu não gostaria de ir e vir com você?
            Eu estive por muito tempo a procura de alguém, mais agora eu percebi que só aqui eu me sinto bem. Eu cansei de lutar contra esses sentimentos eu não quero mais passar noites acordada quando eu deveria estar dormindo (com você). Eu fiz as malas e te liguei, disse que ia esperar você voltar, pra poder partir contigo, porque eu quero segurar na tua mão, eu quero acordar do seu lado e sentir teu cheiro familiar pela manhã.  Não quero mais ser um acorde usado na sua música, não quero mais que meus dias queimem feito cigarro.
            Eu poderia estar com qualquer pessoa, mas é só no seu endereço que meu coração sabe chegar, só você tem a chave pra abri-lo, e só você sabe onde ela está enterrada. Eu to te esperando ali na esquina, e vou te provar que nós não estamos errados. Foge comigo essa noite, me protege do frio e me mostra onde está Corona Australis. Fica comigo essa noite, porque eu quero estar onde você está!
            Pega sua mochila e seu violão, que eu comprei duas passagens pra longe daqui. Vamos re-pintar nossas memórias desbotadas. Deixa eu te mostrar todas as minhas intenções e invenções, vamos segurar o mundo nas mãos, porque nós só somos bons juntos, e isso nunca vai mudar.  

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Se eu te disser que eu fiz o meu melhor, você vai acreditar?

                Sinto-me uma estranha no meu corpo quando não sinto o calor do seu. Sinto falta das coisas que você me deu e que eu joguei fora, porque agora eu não possuo mais recordações físicas, além de papel e caneta pra lembrar de você, se bem que é só eu fechar os olhos...
                Quando eu fui embora da última vez, eu te fiz promessas, mas são só promessas. E eu deixei meu coração ai, e agora ele está preso em suas mãos, e seu semblante no meu pensamento. Sabe, eu ainda sou capaz de ouvir a sua voz apesar do seu silêncio ecoar aflitamente dentro de mim. Todavia olhares em branco e intimidações vazias são tudo o que eu tenho. Você sempre soube que uma única palavra secaria todas as minhas lágrimas.
                Essa estação nova me enche de esperanças, mas eu sei que estou sozinha esperando e é tão injusto porque eu sacrifiquei tanto minha vida para que isso funcionasse, e agora você foi embora realizar os sonhos de outro alguém. Contudo o tempo passou desde que nós nos falamos da última vez, e às vezes eu penso em te ligar só pra ouvir sua respiração, mas essa miséria não é suficiente.
                Eu nunca pedi um anel de diamantes, nem qualquer bem material, eu só queria ser uma canção que você pudesse cantarolar de olhos fechados quando sentisse minha falta.
                Quando você ama alguém do modo como eu te amei as coisas passam a ter significado. A gente já conversou uma vez sobre ter uma ligação estranha, lembra? Você concordou que é como se houvesse um elo invisível que nos unisse e que não importa o quão distante nós estejamos, nós sempre podemos sentir esse elo. Agora, sempre que eu penso nisso eu sinto como se não houvesse ninguém do outro lado e me encontro totalmente perdida, como se eu estivesse despencando penhasco abaixo. Eu queria te abraçar apenas mais uma vez, mas eu não posso e eu não irei, então por hora, eu só sentirei a sua falta.

domingo, 15 de maio de 2011

Divagações sobre amor e perda



A única certeza que eu tenho sobre o amor é que ele é injusto. O resto é coisa da minha imaginação fértil, distintas frustrações e algumas teorias falidas. O amor é injusto porque junto com ele vem dor, lágrimas, pesar, consternação e sempre, sempre, SEMPRE alguém vai padecer mais que o outro. É tamanha injustiça o amor terminar pra um e pro outro não.
Ok, eu sei, assumo minha dor de cotovelo e a sutil invídia dos relacionamentos que estão vingando, mas é que esta noite eu estou me sentindo à pior das mulheres do mundo e talvez eu seja (sem auto-piedade). Ando meio rançosa, rancorosa, mal-amada.
É incrível a capacidade das pessoas de brincar com os sentimentos alheios, é absolutamente fantástico como o ato de ver outrem sofrendo por você proporciona uma sensação de poder e auto-satisfação desmedida. Mas eu acredito na lei do retorno, porque (in) felizmente o mundo é redondo e jamais deixará de girar, fazendo, portanto, que tudo retorne.
O amor é uma via de mão dupla, não tem como dar sem receber, na teoria. Mas não é bacana ficar difundindo amor por ai pra quem não da à ínfima importância. Mas e quando se tem amor demais e não se sabe o que fazer com o que se sente? Como proceder? Eu almejo uma resposta, um caminho, uma luz, não sei; talvez um mapa, um GPS, uma bússola, uma placa, algo que me indicasse uma direção, qualquer coisa que me impedisse de seguir pro lado errado e me fizesse caminhar em direção ao certo, ao sensato, ao adequado. Porque chega uma hora que a gente cansa de se frustrar, de se arrepender, de arriscar e apostar e tentar com inúmeras pessoas díspares, de todas as idades, classes sociais, cidades, e tamanhos diferentes, e perceber que é tudo muito pífio e falho.
Será que sou só eu que acho que tá faltando amor DE VERDADE no mundo? Hoje em dia os relacionamentos são frios e distantes. Os homens cada vez mais machistas, as mulheres cada vez mais parecidas com eles, ninguém tem disposição de praticar qualquer gentileza ou um ato de romantismo sem que seja atormentado pela idéia de estar sendo submisso ou idiota.
Fora a banalização do amor, como os sujeitos amam e desamam instantaneamente. Amor era pra ser sublime, nobre e forte e resistir a tudo, hoje em dia um relacionamento não sobrevive a coisa alguma; qual é? Cadê o lado shakespeareano das pessoas? Cadê o Pablo Neruda que era pra morar dentro de cada um.
Quiçá eu soubesse falar de amor, entretanto o que mais vale a pena na vida senão isso? É só amor que conta, foi por ele que muita gente já morreu e já viveu. Outrora os sujeitos lutavam por amor, hoje, fazemos guerra por religião ou por um pedaço de terra.
Acho o amor injusto, acho o amor insano, acho o amor bizarro. Às vezes eu até questiono se existe mesmo toda essa coisa encantada e bucólica, ou se isso é tudo desvario da minha cabeça sensibilizada pelo romantismo que eu aprendi nos meus livros e nos romances água-com-açúcar que eu tanto venero.
Enfim, eu tenho mais uma porção de coisas pra dizer, coisas que ocasionalmente não consigo engolir e tenho vontade de gritar aos quatro ventos, portanto encerro essas minhas digressões um pouco mais leve e um pouco menos feliz, e vou dormir lembrando de Pedro e Tita, do filme Como água para chocolate, que enfrentaram tudo e todos, inclusive a morte para que pudessem ficar unidos, e terminaram enfim juntos, nus, numa cama dentro de um celeiro ardendo em chamas.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Hoje o dia é SEU


Eu lembro que eu costumava ser a primeira a te dar parabéns, porque a gente sempre tava aprontando em algum lugar quando o relógio dava meia-noite. Aliás a gente sempre tava aprontando em todos os lugares e o tempo todo e poxa, parece que faz tanto tempo... Hoje eu queria poder estar ai e dar um pulo em cima de você e te fazer cócegas (sem pensamentos lésbicos hein).

A gente tinha umas coisas só nossas, tipo “amanha de manha, vou pedir um café pra nos dois” E as nossas viagens, pra praia, pra Minas, nossas aventuras no shopping, nossos encontros e desencontros com todos aqueles garotos. As minhas lágrimas que você enxugou, os palavrões que você me falou, as confidencias na agenda que só nós duas sabemos. São tantas coisas tantos segredos, tanta bagunça, tantas palavras, tantos gestos que é impossível de expressar no papel, é impossível pensar em você e não sorrir lembrando dos nossos 15, 16, 17, 18, 19, e 20 anos juntas.

Hoje você faz 21 e eu desejo a você, mas do que ninguém que você seja feliz, seja com alguém, seja sozinha, seja aqui perto de mim ou seja em Minas ou em qualquer outro lugar do mundo. Eu desejo saúde, paz, dinheiro. Mas acima de tudo felicidade, que você corra atrás dela a todo momento como se fosse seu último dia na Terra.

Queria muito poder estar do seu lado, te abraçar e tomar um porre! Feliz aniversário amiga! Eu amo você!

terça-feira, 3 de maio de 2011

Ninguém vai poder tirar de mim o que eu tenho de maior

Eu nunca vou conseguir me explicar e muito menos me desculpar e aceito que você nunca entenda ou me perdoe, não é isso que eu procuro, alias, eu nem sei o que eu procuro. Talvez procure por você, o tempo todo, em todo mundo, o dia inteiro. Mas não te encontro. Eu te disse hoje que meu abraço não cabe mais em outros braços, e que eu não consigo me desligar de você. Eu já pedi, já chorei, já rezei mas esse amor ta agarrado em mim como limo em pedra.

Podem passar mil garotos e mil garotas entre nós, mas isso aqui dentro de mim nunca vai se apagar. As coisas materiais se vão, eu já as joguei fora e você também, mas o espaço que você ocupa dentro de mim, isso nunca ninguém vai conseguir jogar fora. E podem achar ruim, podem me criticar que eu não me importo, passei tanto tempo preocupada em não magoar os outros e ser o que esperavam de mim que me esqueci o que é poder falar o que eu sinto livremente, e hoje depois de ter te dito tudo isso eu me sinto mais leve e espero realmente que tenha feito diferença pra você. Eu vou te esperar, mas por favor não demora.

Sabe, isso não é um simples gostar, não é um sentimento bobo, fútil, passageiro. Já tem muitos anos isso que eu sinto, já tem muito tempo, e parece que nunca desgasta, eu ando em círculos o tempo todo e sempre acabo na frente da casa de portão azul, enrubescida.

Se você, ou outrem souber a receita de como tirar alguém de dentro do coração, por favor, me avise, quem sabe assim nós não consigamos seguir em frente e ser feliz, mas enquanto isso eu vou cuidar de você, de longe como eu fiz esses anos todos. Podem achar ruim, mas eu não vou desistir enquanto o que eu sentir ainda arder dentro de mim.


Prefiro você a ficar em paz (8'

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Vai por mim

Não, não fica bem aparecer por lá agora, ainda. Faz só uma semana. Ele vai estar naquela fase em que o canto dos pássaros na janela não lembra música, só ruídos verde-escuros. Ele está bem, evidente que está. Tem trinta e dois dentes, barba, um amigo que outro, discos do Nirvana, quem não estaria? Não, não, chorando já é pedir demais. Outra? Duvido muito. Os primeiros dias, vinte ou dez, a gente se dá conta de que não tem mais ninguém pra se arrumar, perfumar, ficar pronto. Ele deve estar com aquela calça cinza de algodão, caminhando de meias pela casa, apoiando a testa no vidro da janela, de vez em quando. Tomando coragem de olhar pra rua e o que vem por aí, depois de você.

Não, não telefona. Me espera chegar. Do mesmo, de nada vai adiantar. Ele está justamente esperando por isso, testando as possibilidades, do fixo pro móvel, e vice-versa, pra checar mesmo se ambos estão cumprindo seu papel. E tá tudo em cima, funcionando, não vá estragar todo o processo de cura, os primeiros dias são elementares. Telefonar de bobeira pra ficar em silêncio do outro lado do mundo, enquanto ele espera que você diga "estou-arrependida-posso-voltar?". Pra quê? Ele até já ensaiou o timbre pra dizer, como vai desdenhar um pouco de início, depois apresentar seu disfarce em condições infantis, aquele jeito frágil querendo parecer forte só pra mostrar que pode te proteger num anoitecer de segunda-feira.

Você não terminou porque precisava de mais atenção? Então, criatura. Agora é o que ele mais precisa, depois de ouvir "não-dá-mais-vamos-terminar-isso-antes-que-alguém-se-machuque-mais". A não ser que você queira parecer louca, aí guardo suas costas, vá em frente. Se ele for realmente o Grande Amor da Sua Vida? Não é, vai por mim, a gente sempre sabe. Não pense maluquices. Ainda é cedo. O tempo pra surgir um novo amor leva uma eternidade, não se engane. Agora serão apenas uns casinhos sem importância, ele vai cultivar dois ou três, todos com a cor de cabelos, a voz e o cheiro bem diferentes dos seus. E mesmo que alguém apareça, o alarme dele não vai soar.

Não, você não é insubstituível. Mas também, o que você queria? Uma espécie de hipoteca amorosa? Um estepe sentimental? Não é assim. Ele é bacana, vai encontrar outrem um dia, vai conquistá-la com o mesmo mel que grudou você, ninguém perde a manha. Um pouco de ciúme é natural, poxa vida, você é gente, isso é parte integrante. E, fatalmente, vão se cruzar por aí. São tantas as esquinas. Vocês vão beber um café quente juntos, falar amenidades, sobre novos cortes de cabelo, você está bonita, e você mais maduro, como está sua mãe e tudo mais. Nos momentos de silêncio, baixarão o queixo, com medo de amarrar olhares e, talvez, voltar tudo aquilo outra vez. Mas vai ser só isso. Se existem outros caras legais por aí? Claro que sim. Vai por mim.


Por Gabito Nunes

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Pra você, do 107

Faz uma semana que as coisas que eu ando sentindo começaram a ficar embaralhadas. E essa é a parte que eu não gosto, pois como uma boa capricorniana que sou, desejo ter o controle das coisas, inclusive dos meus sentimentos. Visto que até semana passada eu sabia distinguir amor, amizade, de paixão, de saudade, de carinho, de ternura, de respeito, de tesão e tudo mais, e sabia onde você se encaixava dentre essas e tantas outras opções de sentimentos afetivos que envolvem duas pessoas.

Pode parecer drama, talvez até seja um pouco, mas eu to realmente aborrecida com o que vem acontecendo, com esse seu desinteresse absurdo por mim.

Mas sabe o que mais ta me matando? É essa confusão de sentimentos dentro do meu peito, porque você saiu correndo sem o meu consentimento e tomou lugar de coisas importantes na minha vida, e eu não sei como te tirar dali mais. Você chegou sorrateiramente com uma mochilinha, mas agora já está de mala e cuia acampado dentro do meu coração; E eu não sei te expulsar, e também não quero que você saia.

Parece simples né, mas sabe aquela sensação de quando você sabe que tem alguém, mas não sente que tem, então, é mais ou menos isso. E o que eu sinto por você ainda não tem nome. Me pego pensando e percebo que não sei nada sobre sua vida, não sei nada sobre o que você já fez ou faz, talvez o fato de eu não te sentir seja devido ao grande mistério que você representa.

Talvez eu seja louca, por estar sempre encontrando defeito, exigindo demais, mas com o tempo eu tive que aprender a separar o joio do trigo, pra não sofrer sempre, mas com você é diferente, eu não quero separar, eu não me importo de sofrer.

To com medo que isso vire uma tragédia, porque eu me entreguei rápido demais, e é como Shakespeare diz: Estas alegrias violentas, têm fins violentos.Falecendo no triunfo, como fogo e pólvora, e blá, blá, blá. Você entende?

É tudo muito célere, muito intenso e eu com medo disso acabo cobrando demais, ou cobrando o que eu julgo necessário pra minha auto satisfação. Talvez eu seja um pouco egoísta, mas talvez não, e quero o melhor pra mim, mas se o melhor é você eu já nem sei dizer.

Eu to sempre querendo alguma coisa a mais, eu nunca to satisfeita, eu tenho sede de coisas novas, de sentimentos novos, de experiências novas, eu canso fácil das coisas, mas o que eu quero? Se é amor, se é um drink ou um pouco mais de sal, eu já não posso responder.

Mas eu desejo que dessa vez as coisa se encaixem, que quando nós estivermos longe as horas sempre possam ser iguais, e que ao acordar no número 107 você lembre que eu to aqui, dormindo talvez, mas com certeza sonhando com você.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

O céu pode estar azul eu não ligo, sem você é só perda de tempo


O dia tava cinza, e as varias nuvens faziam o céu ficar assustador, porém batia uma brisa morna que não combinava com o temporal se formando atrás dos prédios.

Era uma praça bonita, e você estava com seu irmão debaixo de uma árvore, bebendo alguma coisa, eu passei por você e não te encarei, com medo da sua reação, mas você me surpreendeu correndo atrás de mim, me segurando pelo braço e dizendo que queria conversar. Nós saímos andando pela avenida que começara a ficar molhada. Em segundos estávamos encharcados andando na chuva de mãos dadas do mesmo modo e com a mesma inocência de anos atrás. Nós fizemos as pazes sem ao menos falar uma palavra, e tudo estava bem, e nós tínhamos aquela idade e aquela cabecinha de que o mundo era feito pra nós. Podia estar chovendo ou o céu podia estar azul, que não importava, os dedos entrelaçados eram mais importantes que qualquer tempestade. E você me dizia que queria ter tido uma bicicleta pra poder pedalar até minha casa, pra eu poder dizer que ainda era sua, e que queria ter asas e sobrevoar meu telhado pra tapar meu sol, para que eu percebesse que sem ti não tem ninguém pra me aquecer.

Eu sentia as gotas geladas caindo na minha pele, mas não sentia frio, nós nos abrigamos embaixo de uma marquise e você me abraçou e seu peito estava quente e aconchegante, Você sussurrou no meu ouvido um pedaço da nossa musica e disse que sentia falta de mim cobrando um pouco de colchão.

Anoiteceu e nós estávamos num lugar quente, e familiar, com paredes rabiscadas e uma cama bagunçada, você se aproximou e desfez a casa que casava com o botão da minha blusa molhada, costurou um sorriso na minha boca e encheu meu peito com alguma coisa cuja qual eu já havia sentido, mais não me lembrava o que era. Nos deitamos nos lençóis estampados prontos para dormir e você me perguntou “Em que sonho eu te encontro?”

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Eu sigo, eu minto, eu sinto


Eu relevei, eu deixei passar, e mesmo prostrada, quebrantada, desalentada engoli o resto do amor que me sobrava no peito junto à uma dose de vodka velha, pra garantir que eu não me engasgaria. Depois senti meu peito arder sem saber se era devido ao sentimento ou a bebida.

Eu vomitei por horas, e meu estômago queimou por dias, mas eu não ia me deixar desmoronar, eu sabia que uma hora essa dor ia passar.

E eu não estava errada, uma noite eu acordei e a dor tinha ido embora, eu não sentia nada; o que aparentemente era um motivo a ser comemorado. Ocorre que me sobrou um demasiado e desprezível vazio por dentro, tão ruim quanto a dor de outrora. E é tão estranho viver sem sentir nada, é tão bizarro sentir falta de uma coisa ruim, eu tinha saudades da dor, de uma coisa que me fazia mal. Eu sentia falta do amor. Eu sabia que havia sobrado uma lacuna por dentro de mim. Como um sentimento regado a sofrimento pode deixar saudades?

O amor é uma loucura, é insano, é demente, é psicótico; a gente se doa, a gente dá, se entrega por inteiro, vai de cabeça, esquece o medo, desconsidera o julgamento de outrem, ignora a dor de antes, esquece as lembranças e o orgulho ferido. Junta os destroços do coração, cola tudo e se refaz, tira a maquiagem borrada, se enaltece, diz e acredita em vãs demagogias e se entrega de novo, cheio de expectativa julgando dessa vez ser algo extraodinário, mesmo sabendo que o fim intempestivo será o mesmo.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Nunca é uma promessa e eu nunca precisei de uma mentira

Você me ligou chorando e eu preocupado como sou, fui até a sua casa, pra descobrir que não se passava de mais uma das suas armadilhas. Nós conversamos e você chorou de verdade e me implorou perdão. E eu perdoei o que já havia perdoado há tempos dentro de mim.

Você me pediu um beijo, e eu sem hesitar pulei nos seus lábios. Você me beijou pelo pescoço e passou suas mãos pelas minhas costas, me trazendo de volta aquele velho arrepio de sempre, tirou minha camiseta e me beijou onde só você saberia beijar. Nós fizemos amor e eu não queria parecer insensível, mas queria muito ir embora, nem sabia o que eu estava fazendo na sua casa, não sabia o que fazer com você nua deitada do meu lado sorrindo e falando sem parar. Eu não sabia como dizer que precisava ir, não queria mentir ou inventar uma desculpa qualquer. Então você dormiu deitada no meu ombro esquerdo e eu nem ao menos pude sair a francesa.

Não dormi a noite toda, revirando na sua cama, pensando no que tinha acontecido há poucas horas, pensando se essa é a coisa certa a se fazer. As horas não passavam e eu queria ir embora pra minha cama chorar. Mas eu tinha dito sim pra você, como dizer sim e fugir no meio da noite? Que tipo de covarde seria eu?

Era de manhã já, os passarinhos não paravam de cantar lá fora impedindo qualquer possibilidade de um cochilo, o sol entrava pela fresta aberta da janela, e fazia muito calor. você dormia com as costas brancas de fora enrolada no edredom de estampa floral. Senti uma vontade estranha de te abraçar e te acordar com um beijo, assim como eu fazia há uns anos atrás, mais alguma coisa me impediu, a lembrança da primeira vez que meu coração foi partido veio à tona, e meu orgulho ferido não me deixou encostar em você. Ao invés disso eu procurei minhas roupas silenciosamente pelo quarto, me vesti, sai sem que você percebesse.

Horas depois o telefone toca e eu ouço o toque personalizado que você mesma colocou no celular. Não ouso atender, até porque não saberia o que dizer. Eu sei que foi errado, eu sei que eu agi mal; se eu não te quisesse era melhor não ter ido até você e dito sim. O problema é que eu te quis, mas não sei se quero mais. Agora como voltar atrás? Eu não sinto mais dor, é uma coisa que eu já superei, não importa mais, não dói mais. Mas tudo o que eu fiz foi pra evitar que aconteça de novo, mas como fazer com que você entenda isso? Porque com você é diferente, não é um desses amores de fácil adeus, eu nunca consegui me despedir, mas nunca mais vou conseguir me aproximar.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Nada mais me entristece agora que eu encontrei você


No dia do meu aniversário uma grande amiga me disse duas palavras que mudaram o meu modo de ver algumas coisas: SE PERMITA!
E sabe, no começo foi meio difícil me permitir, eu tava ligada de algum modo a coisas antigas, que já não me faziam bem, estava ligada a um passado que sugava minhas energias e me deixava pra baixo. Enfim, não sei explicar, mas alguma coisa mudou, alguma coisa dentro de mim me disse pra por as coisas ruins e velhas de lado e olhar pra frente, só pra frente.
Sabe, é bem difícil se permitir, mas eu tava decidida, e quando eu ponho uma coisa na cabeça... Bom, eu decidi deixar de lado a opinião de terceiros, os julgamentos e pré-conceitos decidi arriscar, decidi viver, e quando tudo vai indo bem mais coisas boas vão se achegando, foi ai que apareceu você, que viveu tanto tempo 'perto' de mim e sempre passou despercebido pelos meus olhos hipnotizados pelo ontem.
Você apareceu do nada, cheio de simpatia e com esse sorriso gigante que me deixa mole. E quer saber, foi a melhor coisa que me aconteceu nesses últimos tempos. Eu não sei dar nome pra esse sentimento, só sei que eu gosto muito de sentir isso, a todo momento me pego pensando ou falando de você, hoje mesmo escrevi seu nome no meu caderno, a toa.
Sabe as coisinhas simples? São as que mais fazem diferença, como quando você carregou minha mochila de 50 kg pelo centro da cidade, ou quando juntou suas moedinhas e me comprou uma garrafa de água, além dos torpedos de bom dia e boa noite cujos quais eu já não consigo ficar sem.
Sinto sua falta nos dias que a gente não se vê, e fico numa ânsia pra sexta-feira chegar logo. E por algum motivo desconhecido eu já não consigo mais ouvir 'Light my fire' sem lembrar de você!
Eu sei que é tudo meio precoce, tudo muito recente, mas não consigo esconder que eu estou apaixonada e que você tá me fazendo um bem incrível.
Já tá tarde e eu vou dormir porque amanhã já é sexta feira e sabe, sexta é nosso dia, e eu não vejo a hora de poder sentir seu cheiro de novo. Eu só espero que pela manhã eu não acorde caindo do beliche e descubra que tudo não passou de um sonho.

PS: Desculpa por ser chata pra caralho!

segunda-feira, 14 de março de 2011

Os dias de cão terminaram


As vezes os problemas estão só na sua cabeça, mesmo! Parece clichê né, mas é verdade, eu estava mal, realmente mal, esperando por alguém que eu sabia que não ia voltar, esperando uma ligação, que na minha fértil imaginação mudaria a minha vida, mas sabe, ninguém me ligou, ninguém bateu na minha porta e me tirou da clausura, ninguém me salvou de mim mesma, e eu realmente precisava ser salva. Então, pra honrar a bela covarde que sou, eu fugi, não fui pra longe nem nada, fui ali, logo ali, praquela cidade que me irrita tanto, onde eu tenho tantas lembranças boas e ruins, eu fugi, eu fugi das brigas infernais, dos meus amigos, dos dias de cão que finalmente chegaram ao fim. Acho que precisei fugir pra enterrar as coisas que eu vinha carregando dentro de mim. Eu cavei um buraco tão fundo, e enterrei as lembranças lá, como se fossem provas de um crime hediondo. E eu não contei quantos passos tenho que dar pra poder chegar naquele cemitério de recordações, eu quis te enterrar, te enterrar pra sempre. Eu não só quis, como eu o fiz.
E eu descobri que eu posso ser feliz por mim mesma, a felicidade me atingiu como uma bala na cabeça, e eu to sangrando alegria agora, e você não tem o direito de tirar isso de mim, você me roubou muita coisa já, tirou de mim muitos sorrisos, mas me arrancou mais lágrimas do que qualquer coisa, eu não quero essas suas mentiras mais, eu cansei dessa diversão e miséria que você me oferece, dessa relação com prazo de validade, de amar com medo que o prazo expire. Eu quero tudo novo, e quero tudo de novo. Não tô dizendo de maneira alguma que não valeu a pena e que as coisas não foram bonitas, mas acho que já deu né, acho que é hora de você me libertar. Por isso eu esvazio minha caixa de recordações, estufo o peito e mergulho num mar desconhecido em busca de novas lembranças.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Grande

De repente foi como se tudo tivesse ficado pequeno, como se tudo tivesse diminuído rapidamente, e quando eu dei por mim tudo ao meu redor, as paredes, os móveis, minhas roupas, as pessoas, tudo ficou pequeno e abafado.

E eu me senti grande demais pra permanecer onde estava como a Alice na casa do coelho. Mas não é um grande pretensioso, como se eu tivesse crescido e todos tivessem permanecido na mesma pequenez, longe de mim tamanha presunçao. Não me senti grandiosa, e sim grande, desajeitada, torta, inadequada.

As pessoas ficaram pequenas, minha casa ficou pequena, a cidade ficou pequena, não vejo mais espaço pra mim, as coisas mudaram e eu permaneci no mesmo lugar, deslocada, desestruturada, desorientada. Tenho medo de me mover, e quebrar alguma coisa, tenho medo de tentar correr e pisar em algo.

Eu to numa encruzilhada, num beco sem saída, não sei pra onde vou, não sei sequer se consigo ir, falta-me coragem. Queria eu ter um bolinho que me fizesse voltar a ser quem eu era, que me fizesse voltar a ter o tamanho normal. Queria que meu gigantismo fosse só uma metáfora, queria acordar embaixo de uma árvore do lado da minha gatinha, e descobrir que tudo não passou de um sonho.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Eu sou quase nada, tô sempre aqui, sempre falando o óbvio e nunca dizendo coisas geniais, tô aqui, sem fazer nada, esperando o tempo passar, esperando alguma coisa importar. Tô tentando crescer e ser adulta, mas não sei se vou ter muito sucesso nisso, eu tô tomando decisões sem ter a mínima idéia do que eu tô fazendo. Tem como alguém me levar a sério?

Eu sou um pouco chata e implicante, às vezes deprimida, não sou brilhante e nem irritantemente bonita.Eu perdoo erros. eu peço desculpas e tento ser gentil. Enfim, queria saber por que os homens têm tanto medo de mim? Porque depois de mim eles sempre escolhem alguém que não sabe escrever direito? Todos os dias eu me pergunto. Quantas vezes ainda eu vou ter que dizer adeus?

sexta-feira, 4 de março de 2011

Como sempre


Como de costume você reapareceu do nada, e balançou toda uma infra-estrutura segura que eu tinha feito pra me proteger, balançou tanto que tudo desabou, disse ainda que iria me amparar e me salvar dos destroços e que nunca mais iria me deixar sozinha. Mas fugiu, me deixou ferida e soterrada nos nossos pedaços.
Essa semana foi dura, e como sempre, você não estava aqui. E hoje, mas que qualquer dia, eu queria te ligar, eu queria ouvir sua voz e poder chorar um pouco no seu ombro, sinto falta da insegura segurança que você me passa. Mas sem falsas promessas e ilusões a vida não teria graça, ou teria? Afinal, qual a graça de brincar com o sentimento de alguém, o quão divertido é ferir um coração que já nem tem mais espaço pra sequer um mísero corte. E mesmo sabendo disso, sabendo que não tem mas espaço pra dor dentro de mim, você insiste em fazê-lo. Mente, finge, atua, engana. E eu tola, como sempre acredito, caio no seu conto do vigário, do rapaz arrependido e mal interpretado pela sociedade, escuto seus problemas, te dou conselhos, e esqueço todo aquele bombardeio de ressentimentos todo aquele acumulo de mágoas e me entrego a você, pensando que dessa vez pode ser diferente. Eu sempre me esqueço que eu tô lidando com você, e que quando se trata da sua pessoa, é difícil, ou melhor, impossível que ocorra alguma mudança, uma mudança mínima sequer. O seu prazer e auto satisfação vem sempre em primeiro lugar.
É tudo muito complicado, porque quando se trata de você, eu nem ao menos sei explicar o que eu sinto, não adianta, as palavras não saem, as palavras me traem. Porque eu sei que longe da minha imaginação você é um cara bem meia boca. E que de príncipe encantado não passa nem perto. Mas como convencer metade do meu ser a pensar dessa maneira? Porque dentro de mim é um combate, metade te quer, metade te repudia.
Eu não me reconheço mais, jogada pelos cantos, sempre com alguma desculpa pra justificar os olhos marejados, mas não posso te culpar por isso, fui eu quem deixei você voltar pra minha vida, fui eu quem permitiu que você me usasse, então agora, nada mais justo do que eu, pra arcar com as consequências.
Todo dia eu repito isso, mas eu cansei, de verdade, faz anos que eu estou cansada dessa brincadeira de gato e rato que nós jogamos. Faz anos que eu tento colocar um ponto final... Mas eu não consigo. Esses dias cinzentos e chuvosos só vêem pra foder ainda mais. Que seja! Vou deixar pra lá, talvez não valha a pena, e as coisas talvez tenham que ser assim, pra que eu consiga perceber, e pra que eu deixe de acreditar em tudo que me dizem, eu sou assim, uma sonhadora mesmo, me iludo com minhas próprias histórias.
Mas chega, chega de melancolia e dor, chega de lágrimas e mentiras. Que se dane a chuva lá fora, que se foda o vazio aqui dentro. Mesmo que a gente se perca, não importa, vou transformar o passado em algo bom, e fazer com que venha a mim o futuro. Conformai-me-ei que eu to sozinha, to perdida, e não mais esperarei por um herói pra me resgatar. Chegou a hora de fazer por mim, só por mim e por mais ninguém.