segunda-feira, 11 de abril de 2011

Eu sigo, eu minto, eu sinto


Eu relevei, eu deixei passar, e mesmo prostrada, quebrantada, desalentada engoli o resto do amor que me sobrava no peito junto à uma dose de vodka velha, pra garantir que eu não me engasgaria. Depois senti meu peito arder sem saber se era devido ao sentimento ou a bebida.

Eu vomitei por horas, e meu estômago queimou por dias, mas eu não ia me deixar desmoronar, eu sabia que uma hora essa dor ia passar.

E eu não estava errada, uma noite eu acordei e a dor tinha ido embora, eu não sentia nada; o que aparentemente era um motivo a ser comemorado. Ocorre que me sobrou um demasiado e desprezível vazio por dentro, tão ruim quanto a dor de outrora. E é tão estranho viver sem sentir nada, é tão bizarro sentir falta de uma coisa ruim, eu tinha saudades da dor, de uma coisa que me fazia mal. Eu sentia falta do amor. Eu sabia que havia sobrado uma lacuna por dentro de mim. Como um sentimento regado a sofrimento pode deixar saudades?

O amor é uma loucura, é insano, é demente, é psicótico; a gente se doa, a gente dá, se entrega por inteiro, vai de cabeça, esquece o medo, desconsidera o julgamento de outrem, ignora a dor de antes, esquece as lembranças e o orgulho ferido. Junta os destroços do coração, cola tudo e se refaz, tira a maquiagem borrada, se enaltece, diz e acredita em vãs demagogias e se entrega de novo, cheio de expectativa julgando dessa vez ser algo extraodinário, mesmo sabendo que o fim intempestivo será o mesmo.

Um comentário:

  1. Sempre com um toque da doce alegria da Melancolia. Grandes sentimentos vividos por uma pessoa que nem ao menos teve idade de descobrir sua verdadeira existencia. Parabéns.

    Luiz Felipe Souza de Lima

    ResponderExcluir