segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Vende-se

Vende-se um coração. O meu.
Não sou boa com propagandas, talvez seja por isso que minha carreira como vendedora tenha durado tão pouco. Mas aqui estou eu, dando uma segunda chance para um coração ser feliz em outro lugar.

Que fique claro que só estou fazendo isso porque este coração anda dando muito trabalho ultimamente.
Ele já foi quebrado algumas vezes, mas juro que ainda está em bom estado.Só to vendendo porque cansei dele, ele é tão bobo e frágil e me faz parecer uma tola quando me faz chorar em público. Tem facilidade pra se apegar as pessoas e uma extrema dificuldade em deixa-las ir.
Olha, meu coração é pequeninho e já passou por poucas e boas.Mas é forte e sei que ainda dura mais uns bons anos. Eu só estou me desfazendo dele porque já não me serve mais, o inquilino que mora nele há muito não quer ir embora, já dei ordem de despejo e nada. Então resolvi cortar o mal pela raiz.

Talvez a oferta não seja lá essas coisas, um coração usado, surrado e um pouco abatido, ora essa, quem compraria. Pois tive uma ideia melhor.
Doa-se!

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Hoje haviam mil estrelas no céu e ao vê-las, dentro de mim alguma coisa se acendeu, uma espécie de esperança, uma segurança de que as coisas vão se encaixar, de que essas noites frias e escuras são apenas passageiras. Enquanto eu olhava pro céu uma estrela passou rápido, quase despercebida e eu hesitei em fazer um pedido temendo parecer tola. Quando dei por mim já estava de olhos cerrados e dedos cruzados. Deitada naquele banco eu desejei paz, nada mais.
Essa noite eu sou minha própria salvação, essa noite eu sou mais corajosa.  Mesmo se não houvesse entrelas eu as enxergaria, quando a próxima tempestade me chamar eu ficarei em pé sozinha e nunca mais serei derrubada.


 

sábado, 5 de novembro de 2011

Úmido

Ontem choveu o dia todo e esse tempo cinza não ajuda a amenizar meu mal humor. Estava úmido e essa coisa de umidade faz a gente se sentir meio sujo, meio pesado, mesmo depois de um banho quente.
Mas tarde, caminhando de volta para casa, eu pisei na poça e minha meia encharcou. Meus pés ficaram molhados e os dedos enrugaram,  aquela sensação ruim só fez piorar. 
Não é que eu não goste de chuva, as vezes faz bem tomar um banho naquela água fria que cai do céu, entretanto fazia um longo tempo que não chovia que eu já havia esquecido como era isso de se sentir pesada e preguiçosa o dia todo.


Eu queria poder voltar no tempo e ter colocado um par de meias extras na minha bolsa, quem sabe assim, com os pés quentes, a sensação de goteira interna melhorasse.
Hoje eu acordei e havia parado de chover, o sol iluminava meu quarto através das frestas da janela, o tempo estava bom, minha cama estava quente, mas eu continuava úmida, foi então que eu percebi que era por dentro, que talvez não fosse a chuva e sim o bolor do meu coração.




Agora me pendure para secar, você me torceu muitas e muitas vezes, agora me pendure para secar.