sexta-feira, 4 de março de 2011

Como sempre


Como de costume você reapareceu do nada, e balançou toda uma infra-estrutura segura que eu tinha feito pra me proteger, balançou tanto que tudo desabou, disse ainda que iria me amparar e me salvar dos destroços e que nunca mais iria me deixar sozinha. Mas fugiu, me deixou ferida e soterrada nos nossos pedaços.
Essa semana foi dura, e como sempre, você não estava aqui. E hoje, mas que qualquer dia, eu queria te ligar, eu queria ouvir sua voz e poder chorar um pouco no seu ombro, sinto falta da insegura segurança que você me passa. Mas sem falsas promessas e ilusões a vida não teria graça, ou teria? Afinal, qual a graça de brincar com o sentimento de alguém, o quão divertido é ferir um coração que já nem tem mais espaço pra sequer um mísero corte. E mesmo sabendo disso, sabendo que não tem mas espaço pra dor dentro de mim, você insiste em fazê-lo. Mente, finge, atua, engana. E eu tola, como sempre acredito, caio no seu conto do vigário, do rapaz arrependido e mal interpretado pela sociedade, escuto seus problemas, te dou conselhos, e esqueço todo aquele bombardeio de ressentimentos todo aquele acumulo de mágoas e me entrego a você, pensando que dessa vez pode ser diferente. Eu sempre me esqueço que eu tô lidando com você, e que quando se trata da sua pessoa, é difícil, ou melhor, impossível que ocorra alguma mudança, uma mudança mínima sequer. O seu prazer e auto satisfação vem sempre em primeiro lugar.
É tudo muito complicado, porque quando se trata de você, eu nem ao menos sei explicar o que eu sinto, não adianta, as palavras não saem, as palavras me traem. Porque eu sei que longe da minha imaginação você é um cara bem meia boca. E que de príncipe encantado não passa nem perto. Mas como convencer metade do meu ser a pensar dessa maneira? Porque dentro de mim é um combate, metade te quer, metade te repudia.
Eu não me reconheço mais, jogada pelos cantos, sempre com alguma desculpa pra justificar os olhos marejados, mas não posso te culpar por isso, fui eu quem deixei você voltar pra minha vida, fui eu quem permitiu que você me usasse, então agora, nada mais justo do que eu, pra arcar com as consequências.
Todo dia eu repito isso, mas eu cansei, de verdade, faz anos que eu estou cansada dessa brincadeira de gato e rato que nós jogamos. Faz anos que eu tento colocar um ponto final... Mas eu não consigo. Esses dias cinzentos e chuvosos só vêem pra foder ainda mais. Que seja! Vou deixar pra lá, talvez não valha a pena, e as coisas talvez tenham que ser assim, pra que eu consiga perceber, e pra que eu deixe de acreditar em tudo que me dizem, eu sou assim, uma sonhadora mesmo, me iludo com minhas próprias histórias.
Mas chega, chega de melancolia e dor, chega de lágrimas e mentiras. Que se dane a chuva lá fora, que se foda o vazio aqui dentro. Mesmo que a gente se perca, não importa, vou transformar o passado em algo bom, e fazer com que venha a mim o futuro. Conformai-me-ei que eu to sozinha, to perdida, e não mais esperarei por um herói pra me resgatar. Chegou a hora de fazer por mim, só por mim e por mais ninguém.

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