Escrever é fácil, começa com letra maiúscula e termina com ponto final.
terça-feira, 27 de dezembro de 2011
Sem título
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
Vende-se
quarta-feira, 16 de novembro de 2011
sábado, 5 de novembro de 2011
Úmido
Não é que eu não goste de chuva, as vezes faz bem tomar um banho naquela água fria que cai do céu, entretanto fazia um longo tempo que não chovia que eu já havia esquecido como era isso de se sentir pesada e preguiçosa o dia todo.
Eu queria poder voltar no tempo e ter colocado um par de meias extras na minha bolsa, quem sabe assim, com os pés quentes, a sensação de goteira interna melhorasse.
Hoje eu acordei e havia parado de chover, o sol iluminava meu quarto através das frestas da janela, o tempo estava bom, minha cama estava quente, mas eu continuava úmida, foi então que eu percebi que era por dentro, que talvez não fosse a chuva e sim o bolor do meu coração.
Agora me pendure para secar, você me torceu muitas e muitas vezes, agora me pendure para secar.
terça-feira, 4 de outubro de 2011
Infelizmente
Não merece o tempo gasto em ligações telefônicas, nem as conversas jogadas fora pela internet. Não merece minha histeria, minha raiva, quiçá, o meu amor.
Eu também sou do tipo que não merece. Não mereço tamanha indiferença vinda de você, esse riso debochado e barato, essa sua falta de compromisso para com todo e qualquer tipo de coisa.
Você, além de não me merecer, não sabe se decidir, não sabe se impor, faz coisas imperdoáveis em troca de mero prazer, nenhum sentimento ou a droga do passado importa, desde que tenha alguém deitada nua na sua cama.
Eu cansei de toda essa conversa boba, de todo esse fingimento infantil e das suas atitudes mesquinhas. Desculpa, mais eu quero mais pra mim, quero coisas que você já não pode mais me oferecer.
Me perdoa, mais dessa vez é pra valer, eu to indo embora e tô deixando você aqui, nessa cidade sem graça, com essa vida sem graça, com companhia sem graça, porque depois de muito tempo eu percebi que definitivamente, você não me merece.
terça-feira, 27 de setembro de 2011
E todo mundo, sem exceção, acaba correndo assustado. E no dia seguinte eu acordo com aquele misto de vitória com tristeza. Sozinha novamente. Como se isso fosse um prêmio mas também uma doença.
Dentre as minhas frasezinhas bombas tenho três prediletas “to morrendo de saudades de você”, “a vida sem amor é uma merda” e “você me dá pouca atenção”. Quase nunca to morrendo de saudades de alguém, não existe a menor chance de eu amar algum desses trastes que me aparecem e caguei se eles me dão ou não muita atenção. Mas ainda assim falo, ainda assim mando uma frase dessas. Só pra ter o triste prazer de ver o covarde ficando branco, escondendo os dentes, enfiando o pinto no cu. E sumindo finalmente da minha vida.
É o jeito que arrumei de me rebelar contra essa hipocrisia masculina. Eles podem dormir na casa da gente, enfiar o pauzinho no meio das pernas da gente, pedir uma torradinha com requeijão de manhã, mijar pra fora do nosso vaso, contar a vida deles e pedir mais carinho nas costas. Mas não suportam ouvir no dia seguinte um simples “gosto de você”. Covardes de merda. Odeio essa hipocrisia masculina. Se eles falam mil vezes que querem te ver é tesão e você não pode se assustar, mas se você falar uma única vez que quer vê-los, é porque você é uma mala que está “misturando sentimentos”. E eles podem se assustar. Que preguiça desse planetinha dos macacos e suas bananas.
E sigo com minhas frases matadoras. “Pensei em você hoje”; “Voltei antes pra te ver”; “Vamos nos ver hoje?”; “Vamos comigo na festa da minha amiga?”; “O que você vai fazer no feriado?”
E tenho cada dia mais nojo de como frases ditas pra ser agradável soam como um assassinato. E tenho nojo de pensar que quando você tira o controle deles, eles não sabem mais o que fazer com você. “O que eu vou fazer com uma mulher que eu já conquistei?” Que tal continuar conquistando todos os dias, seu idiota? Que tal viver uma história que passe da primeira página? Tenho cada dia mais nojo de como as pessoas se consomem e não se conhecem, não vivem nada. Não sabem nada da vida da outra a não ser o tamanho dos peitos e se o desenho dos pêlos é mais para Claudia Ohana ou bigodinho do Hitler.
Sempre lembro de uma vez que fui passar cinco dias com um namorado no alto de uma montanha e ele me apareceu com um verdadeiro “kit putaria”. Passou antes no sex shop e comprou de óleo de massagem a roupinha de enfermeira. Tenho certeza que fez isso porque pensou “que porra vou fazer com uma mulher cinco dias em cima de uma montanha a não se trepar”? Se fosse algum dos seus amiguinhos eles poderiam rir, se divertir, beber, conversar, apostar corrida, jogar videogame, brincar na piscina, fazer trilha. Mas com uma mulher? Um ser estranho chamado mulher? Que porra ele iria fazer não é mesmo?
Homens acham que a página 1 é trepar e a página 2 é casar. E como têm pavor da 2 (e quem disse que as mulheres também não têm?) acabam nunca saindo da 1. E nisso conversas incríveis, descobertas maravilhosas e histórias lindas morrem antes mesmo de nascer. Eles podem te comer mas jamais passear de mãos dadas com você.
Isso tudo me dá um bode profundo. Mas no fundo tenho mais bode é de mim. Por ter dito frases desse tipo para pessoas sem nenhuma magia, sem nenhuma poesia. E que ao invés de enxergar beleza enxergaram “carne ganha”. E no fundo eu nem sentia nada por essas pessoas, estava apenas testando a hipocrisia do mundo. Estava apenas comprovando que se tratava apenas de mais uma “carne podre”.
Acho de verdade que a puta da Glenn Close estragou a vida de algumas mulheres. Basta você dizer um inocente “você é legal” pro cara achar que você vai se mudar pra casa dele, mergulhar o poodle dele numa panela fervendo e parir trigêmeos bem no dia do futebol com os amigos. Da onde eles tiram que somos tão assustadoras? A gente só quer ter com quem rir no final do dia e ganhar alguns beijos no lugar certo. Nada muito diferente do que eles querem.
Mas cansei. Definitivamente cansei. Cansei de um mero “nossa, tava pensando em você” equivaler a um “nossa, tava pensando em você de terno e gravata no altar de uma igreja”. Já que pouca coisa assusta tanto, decidi que agora vou jogar pesado. Daqui pra frente minhas frases matadoras vão ser de “quero ter um filho seu” pra pior. Quem quiser sair comigo vai ter de ouvir “posso dormir aqui?” ou ainda “acho que posso me apaixonar por você”. E quem sobreviver a esse verdadeiro extermínio de pretendentes, vai descobrir que eu sou só mais um ser que morre de medo do amor e da convivência. Vai descobrir que falo as frases erradas justamente pra espantar as pessoas e não ter mais trabalho. Mas de verdade (e dessa vez sem medo de assustar ninguém) adoraria encontrar alguém que resolvesse correr esse risco junto comigo.
BERNARDI, Tati
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
Fantasmas
Impossível enumerar as diversas coisas que já compartilhamos: Copo, cigarro, chuveiro. Dor, alegria, alergia e desespero.
Toda e qualquer tarefa doméstica era motivo para arrancarmos as roupas e qualquer misto quente na calada da noite podia ser comparado a um banquete. Tivemos inúmeras discussões as três da madrugada, as vezes sussurradas, muitas vezes a plenos pulmões.
Você me mostrava músicas e eu te contava histórias, te contava em histórias.
Já deixei você ganhar no videogame só pro seu pequeno ego não desinflar e já ouvi você roncar com o mesmo sorriso estampado que surgia em meus lábios quando te ouvia cantarolar nossa trilha sonora do chuveiro.
Sempre que setembro se aproxima o meu peito se aquece e eu te espero retornar. Parece mentira, parece proposital, mais eu sempre soube que quando esse mês (maldito ou não) chegasse toda nossa história se repetiria. E quer saber, pode ser que coisas assim não aconteçam mais em minha vida, então eu guardo setembro com tanto carinho que é como se eu acreditasse em amor eterno.
Eu também, pra sempre!
terça-feira, 30 de agosto de 2011
Não me espere, porque eu não volto logo
Nós ficamos horas conversando e meu monólogo sem fim sobre a turbulenta vida que ando levando parecia aborrecer você.
O muro e suas unhas comidas pareciam mais interessantes a medida que a noite caia e você era incapaz de me encarar nos olhos.
Eu queria ter sentido o coração acelerar e ter ouvido os sininhos de fundo quando você me beijou, mas não aconteceu, e é tão triste assistir um amor tão bonito como o nosso morrer assim, em plena segunda-feira.
Não tá doendo mais. Porém as lágrimas ainda não pararam de rolar. Eu gosto de te ter por perto, mesmo que seja da maneira como foi ontem, mesmo que nós dois saiamos feridos dessa história mais uma vez, que saiamos feridos todas as vezes que isso insistir em se repetir, meu lado masoquista fala alto quando o assunto é você e eu não me importo de me despedir sangrando.
Nós já discursamos as mesmas coisas tantas vezes que nossa conversa é automática, sempre falando dos mesmos assuntos, mesmas pessoas, mesmas brigas. Mas o desfecho da noite anterior foi diferente, porque dessa vez não fui eu quem saiu com o coração partido.
Me matou te ver sair correndo pelas ruas soturnas da madrugada com o rosto molhado e o coração na mão. Meu desejo foi te trancar numa caixinha pra te guardar do mundo lá fora e enrolar seus cabelos até você pegar no sono.
Você é confuso e sempre aparece nas piores horas, da pior maneira e como um vendaval espalha tudo o que eu demorei tanto tempo pra arrumar. Bagunça minhas memórias e traz a tona o meu passado que eu escondi no mais profundo âmago.
Por mais que queiramos que as coisas tivessem tomado outro rumo, por mais que desejemos que fosse diferente, o que passou não vai mudar.
Você sabe que nosso final feliz utópico não existe, é melhor nos contentarmos com os finais substitutos e sermos felizes da nossa maneira.
Nesse momento controlo o impulso de invadir sua casa e, com uma mochila nas costas, sumir com você pela América Central.
De qualquer modo, é melhor aprendermos com a música que 'cantamos' ontem 'Vá voar com o tempo que só lá você existe, não esqueça que eu não sei mais nada de você' ♫
Só te peço que não fique triste se eu parecer distante, eu nunca soube mesmo o que é bom pra mim e talvez agora eu tenha percebido que estar envolvida no seu mundo não me faz tão bem assim, porque esse amor me quebra e você já desperdiçou a melhor parte de mim.
Apesar de tudo, amanhã é um novo dia e você pode vir matar algum tempo, você pode jogar seus braços em volta de mim e continuar me fazendo rir da maneira que só você consegue.
Sou alvo dos seus olhos claros parecidos com essa estação, e adoro os efeitos sonoros de quando você sussurra absurdos no ouvido do meu coração.
Namore uma garota que lê
Encontre uma garota que lê. Você sabe que ela lê porque ela sempre vai ter um livro não lido na bolsa. Ela é aquela que olha amorosamente para as prateleiras da livraria, a única que surta (ainda que em silêncio) quando encontra o livro que quer. Você está vendo uma garota estranha cheirar as páginas de um livro antigo em um sebo? Essa é a leitora. Nunca resiste a cheirar as páginas, especialmente quando ficaram amarelas.
Ela é a garota que lê enquanto espera em um Café na rua. Se você espiar sua xícara, verá que a espuma do leite ainda flutua por sobre a bebida, porque ela está absorta. Perdida em um mundo criador pelo autor. Sente-se. Se quiser ela pode vê-lo de relance, porque a maior parte das garotas que leem não gostam de ser interrompidas. Pergunte se ela está gostando do livro.
Compre para ela outra xícara de café.
Diga o que realmente pensa sobre o Murakami. Descubra se ela foi além do primeiro capítulo da Irmandade. Entenda que, se ela diz que compreendeu o Ulisses de James Joyce, é só para parecer inteligente. Pergunte se ela gosta ou gostaria de ser a Alice.
É fácil namorar uma garota que lê. Ofereça livros no aniversário dela, no Natal e em comemorações de namoro. Ofereça o dom das palavras na poesia, na música. Ofereça Neruda, Sexton Pound, cummings. Deixe que ela saiba que você entende que as palavras são amor. Entenda que ela sabe a diferença entre os livros e a realidade mas, juro por Deus, ela vai tentar fazer com que a vida se pareça um pouco como seu livro favorito. E se ela conseguir não será por sua causa.
É que ela tem que arriscar, de alguma forma.
Minta. Se ela compreender sintaxe, vai perceber a sua necessidade de mentir. Por trás das palavras existem outras coisas: motivação, valor, nuance, diálogo. E isto nunca será o fim do mundo.
Trate de desiludi-la. Porque uma garota que lê sabe que o fracasso leva sempre ao clímax. Essas garotas sabem que todas as coisas chegam ao fim. E que sempre se pode escrever uma continuação. E que você pode começar outra vez e de novo, e continuar a ser o herói. E que na vida é preciso haver um vilão ou dois.
Por que ter medo de tudo o que você não é? As garotas que leem sabem que as pessoas, tal como as personagens, evoluem. Exceto as da série Crepúsculo.
Se você encontrar uma garota que leia, é melhor mantê-la por perto. Quando encontrá-la acordada às duas da manhã, chorando e apertando um livro contra o peito, prepare uma xícara de chá e abrace-a. Você pode perdê-la por um par de horas, mas ela sempre vai voltar para você. E falará como se as personagens do livro fossem reais – até porque, durante algum tempo, são mesmo.
Você tem de se declarar a ela em um balão de ar quente. Ou durante um show de rock. Ou, casualmente, na próxima vez que ela estiver doente. Ou pelo Skype.
Você vai sorrir tanto que acabará por se perguntar por que é que o seu coração ainda não explodiu e espalhou sangue por todo o peito. Vocês escreverão a história das suas vidas, terão crianças com nomes estranhos e gostos mais estranhos ainda. Ela vai apresentar os seus filhos ao Gato do Chapéu [Cat in the Hat] e a Aslam, talvez no mesmo dia. Vão atravessar juntos os invernos de suas velhices, e ela recitará Keats, num sussurro, enquanto você sacode a neve das botas.
Namore uma garota que lê porque você merece. Merece uma garota que pode te dar a vida mais colorida que você puder imaginar. Se você só puder oferecer-lhe monotonia, horas requentadas e propostas meia-boca, então estará melhor sozinho. Mas se quiser o mundo, e outros mundos além, namore uma garota que lê.
Ou, melhor ainda, namore uma garota que escreve.
Rosemary Urquico- Date a girl who reads
segunda-feira, 29 de agosto de 2011
quinta-feira, 11 de agosto de 2011
Eu preciso saber
Facebook, a desgraça em formato de parquinho virtual. Nome dele, aparece a foto azulada e ele de perfil. É tão bonito. Mas não há mais nada que eu possa ver. Nos deletamos mutuamente pra evitar justamente esse tipo de inspecão noturna.
Mas isso não vai ficar assim. Ligo pra nossa amiga em comum. Ela não atende, afinal, são duas da manhã. Mando mensagem "me manda sua senha do Facebook agora ou vou ficar te ligando até amanhã cedo". Ela manda a senha e um palavrão. Acesso. Vamos ver. Eu preciso saber. Eu preciso. Então vejo que ele não posta nada há cinco semanas. Fotos, fotos. A única foto nova é o flyer de uma festa que eu fui e ele não estava. Nada.
Jogo o nome dele no Google. Aparece uma foto dele alcoolizado dando entrevista em uma festa de mídia. Como é lindo. Tento o Twitter mas ele só escreve piada de político. Tento o Facebook, Twitter e blogs de amigos. Está ficando tarde. Se eu tivesse essa mesma concentração e minuciosidade e empenho e energia para o trabalho estaria rica. Estou retesadamente motivada e atenta. Mas não consegui nenhuma informação e eu ainda preciso saber.
São seis da manhã. Estou cansada. Coloco a música de quando você forçou a porta do quarto e entrou. Black Swan. Não sou boa de inglês como você, mas sei que é a história de algo que já começou fodido porque cresceu demais antes da hora, você que pegue um trem e suma daqui. Que bela música pra começar. Ok, agora estou chorando. Lembrei que eu me sentia tão viva com você me olhando bem sério e bem no fundo dos olhos e machucando meu braço. Sim, é definitivamente uma recaída e eu acabo de decidir que te amo mais que tudo no universo e que amanhã, ou hoje, porque já são sete e meia da manhã, vou resolver isso. Agora preciso dormir só um pouquinho.
Volto pra cama. Coração disparado. Não tem posição na cama. O que eu faço? Não tô a fim de ler, não tô a fim de ver TV. Aquelas outras coisas que se faz pra acalmar tô com preguiça agora, minha imaginação está indo toda para traçar um plano para que eu descubra. Descubra o quê? Não sei, mas sei que algo está acontecendo, ou eu não estaria assim. Porque eu sinto quando ele está com alguém, sabe? Eu sinto. Sim! A cartomante!
Ligo pra Zuleide. Você atende hoje? Mas é domingo, Tati! Atende? Só se for por telefone. Tá bom, então joga aí: ele está com alguém? Mas Tati, você quer mesmo saber isso? Quero, mulher. Eu preciso saber. Joga aí: ele está com alguma puta? Tati, eu não posso perguntar isso pras cartas. Pergunta aí: ele tá com alguma piranhuda desgraçada vagabunda vaca dos infernos? Zuleide pede desculpas e desliga. Preciso do Lexapro mas ele acabou há semanas, igual meu amor. E agora, de repente, preciso tanto dos dois novamente.
Você acha que ele está com alguém? Não sei, Tati, eu ainda tô dormindo, posso te ligar mais tarde? Você acha que ele está com alguém? E se estiver, Tati, quer ir ao cinema mais tarde? Você acha que ele está com alguém? Putz, sei lá, homem sempre tá comendo alguém né? Você acha que ele está com alguém? Tati, do jeito que ele gostava de você? Claro que não!
Chega, chega. Preciso me acalmar. Pra que isso? Se ele estiver com alguém agora, e daí? Terminamos não terminamos? Ele e eu não temos nada a ver, certo? Decidimos que era melhor assim, certo? Eu não tava bem com ele e nem ele comigo, certo? Porque era bom e tal. Aliás, meu Deus, como era bom. Mas não era bom pra ficar junto, certo? Então pronto. Chega. Adulta, adulta. Qual o problema se ele estiver agora, justamente agora, lambendo a virilhazinha de alguma desgraçada? Qual o problema? Ok, eu posso morrer. Eu definitivamente posso morrer. Chega, vou acabar com essa palhaçada agora mesmo.
Tomo banho, me visto, pego a bolsa, entro no carro. Considerando que ele não mora em São Paulo, não sei exatamente o que eu pretendo com isso. Mas me faz bem enganar o cérebro e fazer de conta que estou indo atrás da verdade. Na verdade vou só na casa de outro, preciso fazer qualquer coisa que não seja sofrer, mas não consigo. O outro não conhece Black Swan, não ri da história da Zuleide, não me aperta o braço.
Volto pra casa, destruída. Sinto tanto amor dentro de mim que posso explodir e bolhas de corações vermelhas atingiriam o Japão. Quase não consigo respirar. Chega, chega. Ligo pra ele. Ele não atende. Ligo de novo. Ele atende falando baixinho. Você está com alguém? Estou. Desligamos. Pronto, agora eu já sei. Depois de um final de semana inteiro de palpitacões, descargas de adrenalina, músicas, textos, amigos, danças, gritos, sensações, assuntos, choros, dores, vida. Agora eu já sei.
O que eu nunca vou saber é porque faço tudo isso comigo só porque tenho tanto pavor do tédio. Era só isso o que eu precisava saber.
Como ser o cara legal da minha vida
Sei que leu numa revista que a base de um relacionamento é a comunicação, e eu valorizo isso. Mas que droga é essa de me contar seu dia, isso de conversar no café da manhã e de vez em quando parar tudo pra lembrar que na infância você tinha intolerância à lactose e medo de caramujo? Não, não é bonitinho. Fique calado um pouco, calado demais, às vezes - pensar sobre o que você está pensando pode me manter bem ocupada, sabia? Aliás, se eu quiser uma filial do Repórter Esso gritando novidades sem parar nos meus ouvidos, telefono pra minha mãe.
Se você quiser ser o cara legal da minha vida, diminua o tempo com preliminares. Preciso de alguém me acenda e logo arme a barraca, e não de alguém que arme a barraca, acenda uma fogueira e acampe por ali um fim de semana inteiro. Não se preocupe tanto com meu prazer, assim você racionaliza a única coisa contrária à razão, que é o sexo. Seja mais cru e animal, não se preocupe em me fazer soltar a imaginação. De tanto fazer isso já imaginei 817 cores que ficariam melhor no teto acima da sua cama. Insista duzentas vezes em me ensinar como calibrar pneus. Ache desperdício gastar 50 mil numa festa de casamento que dure apenas um dia. No auge da minha raiva, me tasque beijos.
Me deixe falando sozinha quando eu merecer. Demonstre cada dia ser mais apaixonado pelo seu trabalho chato do que por mim. Olhe pra alguma outra bunda do restaurante bem na hora que estou confessando planos para o futuro. Traga seus amigos pra uma sessão tripla de Quentin Tarantino enquanto preciso estudar pra minha prova de Política Social e Direitos Humanos. Ouça jazz e Frank Zappa. Use calça jeans e camiseta branca com mancha de maionese na frente das minhas amigas. Me leve ao parque de diversões e insista que o carro-choque é o melhor. Durma tranquilamente feito um fóssil depois de uma discussão séria. Me dê motivos, costumo reclamar da vida quando não tenho do que reclamar.
Se você quiser ser o cara legal da minha vida, receba torpedos de uma tal Bruna de outros verões. Ria alto e espalhafatoso no escuro do cinema com caretas bobas do Jim Carrey. Em parceria com meu pai, deboche do meu bicho geográfico no pé. Escreva um bilhete de aniversário de namoro e mande no dia errado. Às vezes me faça sair chorando da sua casa no meio da noite e me deixe com uma louca vontade de voltar pedindo pra nunca mais fazer isso comigo. Adicione vacas com cabelo comprido e liso no Facebook. Troque o canal para ASA de Arapiraca versus Atlético Goianiense no intervalo da minha novela. Afirme que o roteiro de "Ps, Eu Te Amo" é inviável na vida real. Esqueça a chave de casa em algum lugar que não sei onde é.
Pode parecer um pouco freudista, mas de vez em quando pareça meu pai me berrando pra calçar os chinelos, me faça parecer mãe quando você pegar uma amigdalite. Me force a pedir carinho e atenção. Esqueça de ligar duas noites seguidas, seja ríspido se eu te ligar. Faça mil besteiras, peça mil desculpas, faça mais sexos de reconciliação, diga me amar no meio. Odeie tofu, não se olhe no espelho de perfil, corte o cabelo no barbeiro da esquina, me deixe esperando. Erre tentando acertar, acerte tentando errar. Se você quiser ser o cara legal da minha vida, faça tudo isso, mas sempre jurando que foi sem querer. Mãos à obra, porque, pra ser o cara legal da minha vida, você ainda tem muito o que piorar.
NUNES, Gabito
sexta-feira, 5 de agosto de 2011
Sugestões para atravessar agosto
segunda-feira, 4 de julho de 2011
Contradições
quarta-feira, 1 de junho de 2011
Espero outro dia vir
quinta-feira, 26 de maio de 2011
Falador passa mal
Antes que perguntem ou tirem conclusões precipitadas como vem acontecendo, e antes de se doer e de se achar o centro do universo, deixo claro que esse texto é direcionado a quem não tem mais o que fazer e acha que eu também não tenho, pra TODO MUNDO que se acha superior pra julgar palavras ou atos de outrem.
segunda-feira, 23 de maio de 2011
Diz que não vai começar a dizer que já vai
quarta-feira, 18 de maio de 2011
Se eu te disser que eu fiz o meu melhor, você vai acreditar?
domingo, 15 de maio de 2011
Divagações sobre amor e perda
quinta-feira, 5 de maio de 2011
Hoje o dia é SEU
Eu lembro que eu costumava ser a primeira a te dar parabéns, porque a gente sempre tava aprontando em algum lugar quando o relógio dava meia-noite. Aliás a gente sempre tava aprontando em todos os lugares e o tempo todo e poxa, parece que faz tanto tempo... Hoje eu queria poder estar ai e dar um pulo em cima de você e te fazer cócegas (sem pensamentos lésbicos hein).
A gente tinha umas coisas só nossas, tipo “amanha de manha, vou pedir um café pra nos dois” E as nossas viagens, pra praia, pra Minas, nossas aventuras no shopping, nossos encontros e desencontros com todos aqueles garotos. As minhas lágrimas que você enxugou, os palavrões que você me falou, as confidencias na agenda que só nós duas sabemos. São tantas coisas tantos segredos, tanta bagunça, tantas palavras, tantos gestos que é impossível de expressar no papel, é impossível pensar em você e não sorrir lembrando dos nossos 15, 16, 17, 18, 19, e 20 anos juntas.
Hoje você faz 21 e eu desejo a você, mas do que ninguém que você seja feliz, seja com alguém, seja sozinha, seja aqui perto de mim ou seja em Minas ou em qualquer outro lugar do mundo. Eu desejo saúde, paz, dinheiro. Mas acima de tudo felicidade, que você corra atrás dela a todo momento como se fosse seu último dia na Terra.
Queria muito poder estar do seu lado, te abraçar e tomar um porre! Feliz aniversário amiga! Eu amo você!
terça-feira, 3 de maio de 2011
Ninguém vai poder tirar de mim o que eu tenho de maior
Eu nunca vou conseguir me explicar e muito menos me desculpar e aceito que você nunca entenda ou me perdoe, não é isso que eu procuro, alias, eu nem sei o que eu procuro. Talvez procure por você, o tempo todo, em todo mundo, o dia inteiro. Mas não te encontro. Eu te disse hoje que meu abraço não cabe mais em outros braços, e que eu não consigo me desligar de você. Eu já pedi, já chorei, já rezei mas esse amor ta agarrado em mim como limo em pedra.
Podem passar mil garotos e mil garotas entre nós, mas isso aqui dentro de mim nunca vai se apagar. As coisas materiais se vão, eu já as joguei fora e você também, mas o espaço que você ocupa dentro de mim, isso nunca ninguém vai conseguir jogar fora. E podem achar ruim, podem me criticar que eu não me importo, passei tanto tempo preocupada em não magoar os outros e ser o que esperavam de mim que me esqueci o que é poder falar o que eu sinto livremente, e hoje depois de ter te dito tudo isso eu me sinto mais leve e espero realmente que tenha feito diferença pra você. Eu vou te esperar, mas por favor não demora.
Sabe, isso não é um simples gostar, não é um sentimento bobo, fútil, passageiro. Já tem muitos anos isso que eu sinto, já tem muito tempo, e parece que nunca desgasta, eu ando em círculos o tempo todo e sempre acabo na frente da casa de portão azul, enrubescida.
Se você, ou outrem souber a receita de como tirar alguém de dentro do coração, por favor, me avise, quem sabe assim nós não consigamos seguir em frente e ser feliz, mas enquanto isso eu vou cuidar de você, de longe como eu fiz esses anos todos. Podem achar ruim, mas eu não vou desistir enquanto o que eu sentir ainda arder dentro de mim.
Prefiro você a ficar em paz (8'
sexta-feira, 29 de abril de 2011
Vai por mim
Não, não telefona. Me espera chegar. Do mesmo, de nada vai adiantar. Ele está justamente esperando por isso, testando as possibilidades, do fixo pro móvel, e vice-versa, pra checar mesmo se ambos estão cumprindo seu papel. E tá tudo em cima, funcionando, não vá estragar todo o processo de cura, os primeiros dias são elementares. Telefonar de bobeira pra ficar em silêncio do outro lado do mundo, enquanto ele espera que você diga "estou-arrependida-posso-voltar?". Pra quê? Ele até já ensaiou o timbre pra dizer, como vai desdenhar um pouco de início, depois apresentar seu disfarce em condições infantis, aquele jeito frágil querendo parecer forte só pra mostrar que pode te proteger num anoitecer de segunda-feira.
Você não terminou porque precisava de mais atenção? Então, criatura. Agora é o que ele mais precisa, depois de ouvir "não-dá-mais-vamos-terminar-isso-antes-que-alguém-se-machuque-mais". A não ser que você queira parecer louca, aí guardo suas costas, vá em frente. Se ele for realmente o Grande Amor da Sua Vida? Não é, vai por mim, a gente sempre sabe. Não pense maluquices. Ainda é cedo. O tempo pra surgir um novo amor leva uma eternidade, não se engane. Agora serão apenas uns casinhos sem importância, ele vai cultivar dois ou três, todos com a cor de cabelos, a voz e o cheiro bem diferentes dos seus. E mesmo que alguém apareça, o alarme dele não vai soar.
Não, você não é insubstituível. Mas também, o que você queria? Uma espécie de hipoteca amorosa? Um estepe sentimental? Não é assim. Ele é bacana, vai encontrar outrem um dia, vai conquistá-la com o mesmo mel que grudou você, ninguém perde a manha. Um pouco de ciúme é natural, poxa vida, você é gente, isso é parte integrante. E, fatalmente, vão se cruzar por aí. São tantas as esquinas. Vocês vão beber um café quente juntos, falar amenidades, sobre novos cortes de cabelo, você está bonita, e você mais maduro, como está sua mãe e tudo mais. Nos momentos de silêncio, baixarão o queixo, com medo de amarrar olhares e, talvez, voltar tudo aquilo outra vez. Mas vai ser só isso. Se existem outros caras legais por aí? Claro que sim. Vai por mim.
segunda-feira, 25 de abril de 2011
Pra você, do 107
Faz uma semana que as coisas que eu ando sentindo começaram a ficar embaralhadas. E essa é a parte que eu não gosto, pois como uma boa capricorniana que sou, desejo ter o controle das coisas, inclusive dos meus sentimentos. Visto que até semana passada eu sabia distinguir amor, amizade, de paixão, de saudade, de carinho, de ternura, de respeito, de tesão e tudo mais, e sabia onde você se encaixava dentre essas e tantas outras opções de sentimentos afetivos que envolvem duas pessoas.
Pode parecer drama, talvez até seja um pouco, mas eu to realmente aborrecida com o que vem acontecendo, com esse seu desinteresse absurdo por mim.
Mas sabe o que mais ta me matando? É essa confusão de sentimentos dentro do meu peito, porque você saiu correndo sem o meu consentimento e tomou lugar de coisas importantes na minha vida, e eu não sei como te tirar dali mais. Você chegou sorrateiramente com uma mochilinha, mas agora já está de mala e cuia acampado dentro do meu coração; E eu não sei te expulsar, e também não quero que você saia.
Parece simples né, mas sabe aquela sensação de quando você sabe que tem alguém, mas não sente que tem, então, é mais ou menos isso. E o que eu sinto por você ainda não tem nome. Me pego pensando e percebo que não sei nada sobre sua vida, não sei nada sobre o que você já fez ou faz, talvez o fato de eu não te sentir seja devido ao grande mistério que você representa.
Talvez eu seja louca, por estar sempre encontrando defeito, exigindo demais, mas com o tempo eu tive que aprender a separar o joio do trigo, pra não sofrer sempre, mas com você é diferente, eu não quero separar, eu não me importo de sofrer.
To com medo que isso vire uma tragédia, porque eu me entreguei rápido demais, e é como Shakespeare diz: Estas alegrias violentas, têm fins violentos.Falecendo no triunfo, como fogo e pólvora, e blá, blá, blá. Você entende?
É tudo muito célere, muito intenso e eu com medo disso acabo cobrando demais, ou cobrando o que eu julgo necessário pra minha auto satisfação. Talvez eu seja um pouco egoísta, mas talvez não, e quero o melhor pra mim, mas se o melhor é você eu já nem sei dizer.
Eu to sempre querendo alguma coisa a mais, eu nunca to satisfeita, eu tenho sede de coisas novas, de sentimentos novos, de experiências novas, eu canso fácil das coisas, mas o que eu quero? Se é amor, se é um drink ou um pouco mais de sal, eu já não posso responder.
Mas eu desejo que dessa vez as coisa se encaixem, que quando nós estivermos longe as horas sempre possam ser iguais, e que ao acordar no número 107 você lembre que eu to aqui, dormindo talvez, mas com certeza sonhando com você.
quarta-feira, 20 de abril de 2011
O céu pode estar azul eu não ligo, sem você é só perda de tempo
O dia tava cinza, e as varias nuvens faziam o céu ficar assustador, porém batia uma brisa morna que não combinava com o temporal se formando atrás dos prédios.
Era uma praça bonita, e você estava com seu irmão debaixo de uma árvore, bebendo alguma coisa, eu passei por você e não te encarei, com medo da sua reação, mas você me surpreendeu correndo atrás de mim, me segurando pelo braço e dizendo que queria conversar. Nós saímos andando pela avenida que começara a ficar molhada. Em segundos estávamos encharcados andando na chuva de mãos dadas do mesmo modo e com a mesma inocência de anos atrás. Nós fizemos as pazes sem ao menos falar uma palavra, e tudo estava bem, e nós tínhamos aquela idade e aquela cabecinha de que o mundo era feito pra nós. Podia estar chovendo ou o céu podia estar azul, que não importava, os dedos entrelaçados eram mais importantes que qualquer tempestade. E você me dizia que queria ter tido uma bicicleta pra poder pedalar até minha casa, pra eu poder dizer que ainda era sua, e que queria ter asas e sobrevoar meu telhado pra tapar meu sol, para que eu percebesse que sem ti não tem ninguém pra me aquecer.
Eu sentia as gotas geladas caindo na minha pele, mas não sentia frio, nós nos abrigamos embaixo de uma marquise e você me abraçou e seu peito estava quente e aconchegante, Você sussurrou no meu ouvido um pedaço da nossa musica e disse que sentia falta de mim cobrando um pouco de colchão.
Anoiteceu e nós estávamos num lugar quente, e familiar, com paredes rabiscadas e uma cama bagunçada, você se aproximou e desfez a casa que casava com o botão da minha blusa molhada, costurou um sorriso na minha boca e encheu meu peito com alguma coisa cuja qual eu já havia sentido, mais não me lembrava o que era. Nos deitamos nos lençóis estampados prontos para dormir e você me perguntou “Em que sonho eu te encontro?”
segunda-feira, 11 de abril de 2011
Eu sigo, eu minto, eu sinto
Eu relevei, eu deixei passar, e mesmo prostrada, quebrantada, desalentada engoli o resto do amor que me sobrava no peito junto à uma dose de vodka velha, pra garantir que eu não me engasgaria. Depois senti meu peito arder sem saber se era devido ao sentimento ou a bebida.
Eu vomitei por horas, e meu estômago queimou por dias, mas eu não ia me deixar desmoronar, eu sabia que uma hora essa dor ia passar.
E eu não estava errada, uma noite eu acordei e a dor tinha ido embora, eu não sentia nada; o que aparentemente era um motivo a ser comemorado. Ocorre que me sobrou um demasiado e desprezível vazio por dentro, tão ruim quanto a dor de outrora. E é tão estranho viver sem sentir nada, é tão bizarro sentir falta de uma coisa ruim, eu tinha saudades da dor, de uma coisa que me fazia mal. Eu sentia falta do amor. Eu sabia que havia sobrado uma lacuna por dentro de mim. Como um sentimento regado a sofrimento pode deixar saudades?
O amor é uma loucura, é insano, é demente, é psicótico; a gente se doa, a gente dá, se entrega por inteiro, vai de cabeça, esquece o medo, desconsidera o julgamento de outrem, ignora a dor de antes, esquece as lembranças e o orgulho ferido. Junta os destroços do coração, cola tudo e se refaz, tira a maquiagem borrada, se enaltece, diz e acredita em vãs demagogias e se entrega de novo, cheio de expectativa julgando dessa vez ser algo extraodinário, mesmo sabendo que o fim intempestivo será o mesmo.
sexta-feira, 8 de abril de 2011
Nunca é uma promessa e eu nunca precisei de uma mentira
Você me ligou chorando e eu preocupado como sou, fui até a sua casa, pra descobrir que não se passava de mais uma das suas armadilhas. Nós conversamos e você chorou de verdade e me implorou perdão. E eu perdoei o que já havia perdoado há tempos dentro de mim.
Você me pediu um beijo, e eu sem hesitar pulei nos seus lábios. Você me beijou pelo pescoço e passou suas mãos pelas minhas costas, me trazendo de volta aquele velho arrepio de sempre, tirou minha camiseta e me beijou onde só você saberia beijar. Nós fizemos amor e eu não queria parecer insensível, mas queria muito ir embora, nem sabia o que eu estava fazendo na sua casa, não sabia o que fazer com você nua deitada do meu lado sorrindo e falando sem parar. Eu não sabia como dizer que precisava ir, não queria mentir ou inventar uma desculpa qualquer. Então você dormiu deitada no meu ombro esquerdo e eu nem ao menos pude sair a francesa.
Não dormi a noite toda, revirando na sua cama, pensando no que tinha acontecido há poucas horas, pensando se essa é a coisa certa a se fazer. As horas não passavam e eu queria ir embora pra minha cama chorar. Mas eu tinha dito sim pra você, como dizer sim e fugir no meio da noite? Que tipo de covarde seria eu?
Era de manhã já, os passarinhos não paravam de cantar lá fora impedindo qualquer possibilidade de um cochilo, o sol entrava pela fresta aberta da janela, e fazia muito calor. você dormia com as costas brancas de fora enrolada no edredom de estampa floral. Senti uma vontade estranha de te abraçar e te acordar com um beijo, assim como eu fazia há uns anos atrás, mais alguma coisa me impediu, a lembrança da primeira vez que meu coração foi partido veio à tona, e meu orgulho ferido não me deixou encostar em você. Ao invés disso eu procurei minhas roupas silenciosamente pelo quarto, me vesti, sai sem que você percebesse.
Horas depois o telefone toca e eu ouço o toque personalizado que você mesma colocou no celular. Não ouso atender, até porque não saberia o que dizer. Eu sei que foi errado, eu sei que eu agi mal; se eu não te quisesse era melhor não ter ido até você e dito sim. O problema é que eu te quis, mas não sei se quero mais. Agora como voltar atrás? Eu não sinto mais dor, é uma coisa que eu já superei, não importa mais, não dói mais. Mas tudo o que eu fiz foi pra evitar que aconteça de novo, mas como fazer com que você entenda isso? Porque com você é diferente, não é um desses amores de fácil adeus, eu nunca consegui me despedir, mas nunca mais vou conseguir me aproximar.
quarta-feira, 30 de março de 2011
Nada mais me entristece agora que eu encontrei você
No dia do meu aniversário uma grande amiga me disse duas palavras que mudaram o meu modo de ver algumas coisas: SE PERMITA!
segunda-feira, 14 de março de 2011
Os dias de cão terminaram
As vezes os problemas estão só na sua cabeça, mesmo! Parece clichê né, mas é verdade, eu estava mal, realmente mal, esperando por alguém que eu sabia que não ia voltar, esperando uma ligação, que na minha fértil imaginação mudaria a minha vida, mas sabe, ninguém me ligou, ninguém bateu na minha porta e me tirou da clausura, ninguém me salvou de mim mesma, e eu realmente precisava ser salva. Então, pra honrar a bela covarde que sou, eu fugi, não fui pra longe nem nada, fui ali, logo ali, praquela cidade que me irrita tanto, onde eu tenho tantas lembranças boas e ruins, eu fugi, eu fugi das brigas infernais, dos meus amigos, dos dias de cão que finalmente chegaram ao fim. Acho que precisei fugir pra enterrar as coisas que eu vinha carregando dentro de mim. Eu cavei um buraco tão fundo, e enterrei as lembranças lá, como se fossem provas de um crime hediondo. E eu não contei quantos passos tenho que dar pra poder chegar naquele cemitério de recordações, eu quis te enterrar, te enterrar pra sempre. Eu não só quis, como eu o fiz.
quinta-feira, 10 de março de 2011
Grande
De repente foi como se tudo tivesse ficado pequeno, como se tudo tivesse diminuído rapidamente, e quando eu dei por mim tudo ao meu redor, as paredes, os móveis, minhas roupas, as pessoas, tudo ficou pequeno e abafado.
E eu me senti grande demais pra permanecer onde estava como a Alice na casa do coelho. Mas não é um grande pretensioso, como se eu tivesse crescido e todos tivessem permanecido na mesma pequenez, longe de mim tamanha presunçao. Não me senti grandiosa, e sim grande, desajeitada, torta, inadequada.
As pessoas ficaram pequenas, minha casa ficou pequena, a cidade ficou pequena, não vejo mais espaço pra mim, as coisas mudaram e eu permaneci no mesmo lugar, deslocada, desestruturada, desorientada. Tenho medo de me mover, e quebrar alguma coisa, tenho medo de tentar correr e pisar em algo.
Eu to numa encruzilhada, num beco sem saída, não sei pra onde vou, não sei sequer se consigo ir, falta-me coragem. Queria eu ter um bolinho que me fizesse voltar a ser quem eu era, que me fizesse voltar a ter o tamanho normal. Queria que meu gigantismo fosse só uma metáfora, queria acordar embaixo de uma árvore do lado da minha gatinha, e descobrir que tudo não passou de um sonho.
quarta-feira, 9 de março de 2011
Eu sou quase nada, tô sempre aqui, sempre falando o óbvio e nunca dizendo coisas geniais, tô aqui, sem fazer nada, esperando o tempo passar, esperando alguma coisa importar. Tô tentando crescer e ser adulta, mas não sei se vou ter muito sucesso nisso, eu tô tomando decisões sem ter a mínima idéia do que eu tô fazendo. Tem como alguém me levar a sério?
Eu sou um pouco chata e implicante, às vezes deprimida, não sou brilhante e nem irritantemente bonita.Eu perdoo erros. eu peço desculpas e tento ser gentil. Enfim, queria saber por que os homens têm tanto medo de mim? Porque depois de mim eles sempre escolhem alguém que não sabe escrever direito? Todos os dias eu me pergunto. Quantas vezes ainda eu vou ter que dizer adeus?
sexta-feira, 4 de março de 2011
Como sempre
Como de costume você reapareceu do nada, e balançou toda uma infra-estrutura segura que eu tinha feito pra me proteger, balançou tanto que tudo desabou, disse ainda que iria me amparar e me salvar dos destroços e que nunca mais iria me deixar sozinha. Mas fugiu, me deixou ferida e soterrada nos nossos pedaços.