quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Meu primeiro final feliz

A campainha tocou, ela estava atipicamente atrasada, mas não importava. Ele a beijou na porta e a convidou pra entrar. O apartamento estava ainda mais apertado que de costume, tamanho o numero de velas que ele havia acendido, as cortinas estavam fechadas, e uma mesa para dois estava posta, havia um cheiro de flores, velas e frutos do mar no lugar do de pizza velha e meias sujas.

Ela estava extasiada, sempre soubera que ele era romântico, apesar de ser um canalha. Mas não conseguia deixar de pensar que essa noite era dos dois, a ultima noite dele na cidade e era ela que estava com ele.

Sentou-se no sofá enquanto ele colocava uma musica, ele a tirou pra dançar uma, mas dançaram três.

- Lembra quando a gente namorava e íamos cozinhar de madrugada e dançávamos enquanto o macarrão instantâneo não ficava pronto?

- É claro, nós dançávamos a toda hora, em qualquer lugar. Quando foi que a gente perdeu isso hein?

O jantar ficou pronto, e eles conversavam muito, falavam sobre frivolidades, coisas do cotidiano, relembraram cada momento que passaram juntos quando eram jovens. Mas um silêncio estranho tomou conta do lugar, os olhos dela marejaram de lágrimas.

- Como seria se a gente tivesse tido aquele bebê?

- Eu não sei, eu me arrependo muito, até hoje.

- Eu também. É melhor a gente não falar sobre isso.

Eles se beijaram e se abraçaram e se amaram ali mesmo no sofá, com a música deles tocando no radio. Parecia mágica, parecia sonho, e seria, se o sonho não tivesse hora marcada pra terminar.

Abraçados nus no tapete da sala, terminando mais uma garrafa de vinho, ela sussurra:

- Não vai amanhã, por favor, por nós, pelos nossos dezessete anos.

- Eu não queria ir, eu juro, ainda mais depois dessa noite. Eu queria que gente tivesse dado certo antes, se eu não tivesse sido tão filho da puta...

Já era mais de três da manha quando o táxi buzinou na frente do apartamento dele, ele desceu as escadas com ela, deu um beijo demorado em sua têmpora, e sussurrou em seu ouvido:

- Faz as malas, o nosso vôo sai as nove.

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