domingo, 20 de fevereiro de 2011

Ponto final


Já faz tanto tempo que talvez eu não te reconheça, nem sei se você ainda é a mesma, seu rosto se desfoca quanto eu fecho os olhos e te imagino, e eu não me recordo se aquela pinta ficava do lado esquerdo ou direito. Faz tanto tempo que talvez eu nem saiba mais como você é, se ainda usa chinelos ou se mudou o corte de cabelo, se ainda ta magra ou se pegou uma cor. A única coisa que eu sei, é que nunca vou esquecer-me dos seus olhos redondos e castanhos que me olhavam na alma e decifravam meus pensamentos, entre retratos quebrados e cartas rasgadas o seu olhar é a única coisa que me sobrou intacta.

Fico pensando se já tem um filho, ou se ainda sente saudade de mim, se ainda ouve aquela canção, ou se canta sozinha no espelho. Fico pensando se ainda tem aqueles desvarios, se ainda tem aquela boneca velha...

Não tenho definição que explique o que eu venho sentindo, não é saudade isso eu posso afirmar, talvez nostalgia, não sei. Mas de repente, no meio da noite eu acordo pensando em você, mas não sei como te ligar, não sei se vai atender, não sei ao certo se o numero é esse. Não sinto mais aquela dor lancinante, aquele torpor atrelado a mim. Mas ainda sinto.

Quem sabe um dia, os nossos caminhos não voltem a se cruzar, pra que talvez a gente consiga enfim, colocar um ponto final nos nossos desencontros cheios de reticências e vírgulas.

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