segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Por favor, bata a porta quando sair!


-O que é você sente por mim?
-Porque essa pergunta agora?
-Eu preciso fazer uma coisa, mais antes eu preciso saber o que você realmente sente por mim.
-Você quer mesmo saber? Então senta ali, que eu não consigo resumir sentimentos em uma única palavra.
E eu queria muito resumir tudo o que eu sinto, porque de verdade, não é pouca coisa, queria resumir tudo em ‘pena’, mais eu ainda não decidi se a pena que eu sinto é de você ou é de mim. O que eu sinto não tem nome, ainda não inventaram um nome pra esse tipo de sentimento e eu não to nem um pouco afim de denominá-lo, afinal eu não sei se ele é bom ou ruim, talvez seja um apanhado de tudo de ruim que uma pessoa possa sentir por outra, juntamente com tudo de bom; eu não acho que seja mais amor, porque por amor a gente é capaz de tudo, e ultimamente eu não ando capaz de nada, principalmente em relação a você, isso não significa que eu não tenha te amado, eu te amei, e como, era puro, era sincero, e o mais bonito, acontece que a gente não pode impor a outra pessoa os mesmos sentimentos, a gente pode apenas demonstrá-los e esperar que seja recíproco, se não for, bem, só nos resta chorar um pouco. Pois bem, eu te amei tanto, que isso começou a me matar, e a te sufocar, por que meu amor era muito pra você, era muito grande, e você medíocre demais pra perceber e crescer junto com ele.E você me faz mal, e me fez sofrer, e eu te perdoei por coisas que em meu intimo eu achava imperdoável, por você eu fiz coisas que iam contra o que eu pensava, que iam contra a minha conduta, contra o meu caráter. E mesmo assim, eu lutei por esse amor, eu lutei tanto, com todas as minhas forças, mais sozinho ninguém vence nenhuma guerra, então eu me rendi e acenei de longe a minha bandeira branca. Você fazia questão de que eu não te esquecesse, de que eu não conseguisse seguir em frente, porque pra você, talvez, seja bom ver alguém jogado na lama, talvez o seu superego, fizesse com que você me procurasse e me usasse e me jogasse fora instantes depois, junto com mais mil promessas que eu nem sei mais onde enfiar. É tão ruim saber que você esta aqui, e ao mesmo tempo não esta, eu tenho você adicionado em minhas contas nos sites de relacionamento, mais não posso falar com você, tenho seu numero de telefone, mais não posso te ligar, sei onde você mora, mais não posso ir até lá. Você é imprevisível, e não no sentido positivo da palavra, você é o imprevisível ruim, eu nunca sei como você esta, eu nunca sei se eu posso falar com você, não sei como você vai agir, não sei se vai se declarar ou me humilhar, eu tenho medo, eu não te conheço mais, e isso não me faz bem. Eu tenho uma porção de coisas que eu queria te contar, frivolidades, daquelas que a gente costumava dividir, tem mais uma porção de lugares que eu queria te levar, uma porção de gente que eu queria que você conhecesse, mais eu nunca vou te apresentar, porque eu queria que elas conhecessem o antigo você, e não esse que tomou conta do seu corpo, roubou seus olhos que brilhavam tanto, e que agora são tão frios.
Sabe aquela mania que eu tenho, de arrancar as casquinhas dos pequenos machucados? Se eu pudesse te definir, você seria uma casquinha daquelas, ela ta sempre aqui, em algum lugar nas minhas pernas, e eu sempre quero arrancá-las, porque quando elas são muito antigas elas não sangram mais, fica só a cicatriz na pele, e de cicatrizes eu entendo, e eu sempre espero que as cascas nunca sangrem, mais tenho medo de arrancar, porque na maioria das vezes vai sangrar, então eu tenho que evitá-las, mais como evitar uma mania, um vicio? Você ta conseguindo me entender?
Eu sei que você só me fez uma pergunta simples, e eu nem ao menos sei o porquê, e nem o que você vai fazer com essa resposta, que eu tenho certeza não era o que você esperava ouvir, mais eu não consigo ser uma pessoa sucinta, você me deu essa oportunidade de tirar tudo isso que eu venho carregando a tanto tempo, que eu sou capaz ate de agradecer por me proporcionar tamanho alivio. Eu só queria que você entendesse que o que eu sinto ainda é forte e grande, mais não o suficiente, e que podem passar centenas de pessoas pela minha vida, milhares delas, que ninguém, NUNCA, vai ocupar o seu lugar, pode ser que um dia meu coração não acelere por você, mais o que você significou, e a cicatriz que você deixou vai continuar comigo pra sempre. Existem pessoas insubstituíveis, e você é uma delas. Ainda me dói falar sobre isso, ainda não consegui preencher o vazio que você deixou, é muito grande, eu ainda não sei o que fazer com as pequenas coisas, as musicas, as manias que eu peguei de você, o numero de telefone que eu decorei à tanto tempo, o café forte e sem açúcar, enfim, essas peculiaridades, que só nós dois entenderíamos. Eu podia continuar falando aqui até o sol nascer, mais no fundo eu sei que você já sabe de tudo isso e eu realmente não gosto de ser repetitiva, por mais que eu seja, então, por favor, para de fazer força pra chorar e me deixa acabar de arrumar as minhas malas, eu tenho que partir logo mais, eu não sei se era isso que você queria ouvir, portanto, faça o que você quiser com as minhas palavras. Quando se trata de você, eu sou uma covarde, então não me faça desperdiçar toda essa coragem que eu juntei durante a sua ausência, me deixe sentir orgulho de mim por conseguir te dizer adeus dessa vez, para de tentar me impedir de viver por mim mesma, para de tentar me usar, para de me fazer de seu fantoche, me liberta de você.
E por favor, bata a porta quando sair.



Chayenne Colli

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